Com 40 anos de loja, empresário faz desabafo sobre fechamento do comércio

Numa coletiva na tarde desta segunda-feira (20), o empresário Beto Saito, proprietário da Loja Karazawa fez um desabafo emocionado sobre o fechamento do comércio. Convidado para se pronunciar num evento que teve o intuito de esclarecer aos empresários como será a ação judicial que está sendo preparada pelo poder público municipal, Beto fez um discurso de revolta contra a situação atual. "Obvio que vão aparecer casos. Mas nós vamos ficar fechados pro resto da vida? Onde vai parar isso? A gente tem uma loja e não pode receber o cliente. Onde já se viu isso? Isso é comunismo gente. (...) Estão esperando aumentar os casos aqui pra poder voltar abrir? Falta bom senso dos políticos”, declarou Saito. Beto avaliou o decreto do governo do estado de estender a quarentena até o dia 10 de maio como uma "medida muito drástica” que deverá resultar na falência de muitas empresas. "A gente tem comércio faz 40 anos em Tupã e não temos nenhuma ação trabalhista. Nós tivemos que mandar gente embora por causa disso? Se tivesse aberto até hoje ia ter só esses dois casos porque já estava controlado. E agora? Vai esperar dar 10, 20 casos? Pode fechar o interior, pode fechar o Brasil porque os casos vão vir. Não tem como não vir”, manifestou o proprietário da loja Karazawa. Outro convidado a se manifestar foi o proprietário do Escritório Milenium Rodrigo Quinhoneiro que é responsável pela contabilidade de várias empresas no município e já tem visto muitos empresários dispensando seus funcionários. Rodrigo mencionou que, o repasse de verba para o combate ao Covid-19 é feito de foram desigual para o interior e para capital referindo-se a divisão dos recursos que é feita por critério demográfico – quanto maior a população, maior o repasse. Cidades pequenas, como Tupã, recebem R$ 4 por habitante. Já em São Paulo, capital, o valor é de R$ 12 por habitante. "Não dá pra comparar algo que é desigual como no caso do repasse que o governo está pagando de R$ 4 pro interior e R$ 12 pra capital. Porque não fazer essa diferença também no comércio? Nós estamos perto do Dia das Mães que é o segundo natal dos comerciantes. Muitos estocaram suas lojas com mercadorias que agora estão paradas. Vamos pedir que Deus nos abençoe e ilumine a cabeça dos nossos juízes para concedermos esse benefício”, destacou o contador. Coletiva A Coletiva reuniu o Presidente da ACIT – Associação Comercial e Industrial de Tupã, Dirceu Michelan; o presidente do Sincomércio, Dirceu Zamora; o prefeito de Tupã Caio Aoqui e advogado de ambas instituições, Mario Perez. O intuito da reunião foi esclarecer aos empresários o que está sendo feito no sentido de possibilitar a reabertura do comércio. O presidente do Sincomércio Milton Zamora se mostrou preocupado com a situação do comércio já que está próximo do Dia das Mães, quando há uma alta nas vendas do varejo. Além disso, Milton aponta que 95% do comércio de Tupã é formado por micro e pequenas empresas que não conseguirão se manter por muito tempo de portas fechadas. "Nós não temos um dado certo quanto ao desemprego, mas sabemos que muitas empresas deram férias, outras postergaram, outras estão fazendo o acordo do governo. Mas sabemos também que uma empresa de Tupã que fornece mercadoria para grandes redes, essa semana, dispensou 100 empregados”, lamentou o presidente do Sincomércio. Para o presidente da ACIT Dirceu Michelan, as empresas precisam voltar a trabalhar mesmo que seja com restrições. "Em último caso, que a empresa possa voltar a funcionar e manter apenas uma porta aberta só. Estabelecendo um número de pessoas a entrar dentro da loja, obedecendo o distanciamento, é o suficiente uma porta”, ressalta Michelan. Já o prefeito Caio Aoqui reforçou novamente seu discurso sobre a diferença entre o interior e a capital, tranquilizando sobre o controle dos casos de coronavírus no município. "Nossa cidade, graças à Deus, está tudo bem controlado. Nós tivemos dois casos que já estão fora do período de transmissão e hoje tivemos mais 5 exames negativos”, ressaltou o chefe do executivo.