Santa catarina

Os pecuaristas da região de Queiroz, Tupã, Herculândia e Pompeia estão tendo prejuízo com a proximidade da criação de gado com a usina de cana-de-açúcar. Segundo os criadores, as moscas que se reproduzem nos dejetos da cana se alimentam do sangue dos animais, que param de comer e morrem. "No ano passado perdemos sete animais e este ano já perdemos cinco. Por causa da mosca mesmo, o gado aglomera, os mais fracos caem, eles pisam, se tem vaca com bezerros, eles pisam e morrem. O animal não come, vai ficando cada vez mais fraco e morre mesmo", diz o produtor rural Paulo Sérgio de Oliveira. A praga é conhecida como mosca do estábulo. A mosca se alimenta do sangue desses animais e a picada provoca feridas no couro deles. Estressado, o animal para de comer e, em média, o gado fica com duas arrobas a menos que um animal saudável. O produtor de Leite Fernando dos Santos já tentou passar inseticida para afastar as moscas, mas nada diminui o ataque. Dos duzentos litros de leite que tirava por dia, a produção já caiu para 150 litros. Um prejuízo de mais de R$ 1.500. "A vaca emagrece, tem que comprar ração, tem que gastar com veneno."

De acordo com a empresa brasileira de pesquisa agropecuária, tudo que a mosca precisa para se reproduzir, essa região rural tem. Perto das fazendas tem uma usina de açúcar e álcool. A palha da cana e um caldo fermentado que sobra da produção do álcool são jogados na terra, perto das propriedades e essa mistura úmida e escura é o ambiente perfeito para larva se desenvolver. E a ração do gado que cai no chão e as fezes do animal ou também viram matéria orgânica, ideal para o crescimento das moscas. A infestação é rápida porque uma mosca é capaz de botar de duzentos a quinhentos ovos e em dois meses estão formadas. O médico veterinário Rafael Domingos Marzola explica que o combate é possível, mas para isso fazendas e usina têm que trabalhar em conjunto. "Para prevenir tem que ser a união de produtores, de empresas, de todos os órgãos para que resolva o problema." O gado do criador Fábio Aparecido dos Santos está há seis meses pronto para o abate, mas os compradores estão oferecendo 10% a menos que o valor de mercado por causa do peso, abaixo do ideal. Ele levou o caso ao Ministério Público para que a usina-de-açúcar e álcool de Queiroz dê outra destinação aos resíduos da cana. "A gente precisa de ajuda, porque sozinho o produtor não consegue. Já tentei todos os tipos de produtos e não deu certo, então a gente precisa da ajuda das autoridades competentes." Em nota a usina Clealco disse que o problema da mosca enfrentado pelos produtores rurais é decorrente do acúmulo de matéria orgânica de origem animal ou vegetal em decomposição, e não exclusivamente da vinhaça. Disse ainda que faz com eficiência o controle das moscas e que cabe aos produtores rurais e a indústria, as boas práticas de manejo para que cada um na sua área reduza o meio favorável à reprodução do inseto.
Criador diz que já perdeu cinco gados neste ano

G1

pref educação

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