História do tupãense dono da rede de cachaçarias Água Doce é destaque na mídia nacional
11/09/2015 "Ex-boia-fria fatura R$ 150 mi com rede de cachaçarias e tem museu da bebida", destaca a manchete da matéria publicada hoje no site da UOL.
O dono da Rede Água Doce Sabores do Basil, o tupãense Delfino Golfeto voltou a ser destaque na mídia nacional. Nesta sexta-feira (11), um dos maiores portais de notícias do país, o UOL, publicou uma extensa matéria na sessão Economia sobre o ex-boi-fria que começou sua trajetória empreendedora no quintal de sua residência e hoje é presidenteda rede Água Doce, com mais de 100 restaurantes no país.
Confira a matéria na íntegra:
Celebrada no dia 13 de setembro, a cachaça é paixão para alguns e oportunidade de negócio para outros. O empresário Delfino Golfeto, 63, conseguiu unir as duas coisas ao fundar a rede de franquias Água Doce, em 1990, e um museu com mais de 2.000 garrafas da bebida, inaugurado em 2004. O faturamento da rede de bares foi de R$ 150 milhões em 2014.
Obrigado a ajudar os pais na roça desde a infância, no interior paulista, ele chegou a cortar cana-de-açúcar na adolescência para melhorar a renda da família. Apesar do trabalho pesado, foi quando desenvolveu o gosto pela cadeia canavieira e resolveu fazer o curso técnico em açúcar e álcool, que lhe garantiu emprego como gerente de usina por 18 anos.
Em seus últimos anos na função, ele também atuou na montagem de pequenos alambiques de aguardente para escoar a produção. "Foi aí que eu descobri o verdadeiro mundo das cachaças, da bebida artesanal. Estudei o segmento, aprendi receitas de coquetéis e batidas", diz.
Primeiro bar foi na garagem de casa
O tino para escolher boas bebidas e o apoio da mulher cozinheira o incentivaram a abrir o próprio bar, a Água Doce Aguardenteria, na garagem de casa, em Tupã (514 km a noroeste de São Paulo), em 1990. A experiência como cliente de bares e restaurantes o fez definir o que queria para o seu negócio: padronização.
"Desde a infância, morador da periferia, eu sonhava com o dia em que poderia frequentar restaurantes. E, quando pude fazer isso, percebi que os serviços variavam muito para um mesmo estabelecimento. Num dia eram bons, em outros, não. Por isso, anotava cada receita do meu bar, as medidas usadas e a forma de servir, para ser sempre igual", afirma.
O bar foi ganhando fama na cidade, até que um amigo disse a Golfeto que ele tinha um negócio franqueável. Durante três anos, o empresário estudou o conceito de franquias e estruturou seu modelo de negócio como Água Doce Cachaçaria. Em 1993, inaugurou a primeira unidade franqueada, em Ourinhos (378 km a oeste de São Paulo), que existe até hoje.
O empresário Delfino Golfeto (à esq.) hoje, preside a rede Água Doce, com mais de 100 bares, e conta com o apoio do primo Júlio Bertolucci (à dir.), que é diretor de franquias.
Negócio cresceu e tem mais de 100 unidades
Hoje, a rede possui 103 unidades e seis em fase de implantação. O investimento inicial parte de R$ 500 mil, inclusos custos de instalação, taxa de franquia e capital de giro. O faturamento médio mensal de uma unidade é de R$ 95 mil, com lucratividade de 15%, ou seja, R$ 14,2 mil. O retorno do investimento é a partir de 36 meses.
Em 2001, um decreto institucionalizou a cachaça como bebida genuinamente brasileira, o que lhe deu novo status. Bares com cartas de cachaça começaram a surgir. Competir em número de rótulos seria inviável para a franquia, pois aumentaria o investimento inicial e o tamanho do estoque. A aposta foi realizar uma curadoria com os 100 melhores rótulos, eleitos todo ano por uma equipe de especialistas da própria rede.
Com doses que variam de R$ 2 a R$ 55, Golfeto diz que as cachaças correspondem a apenas 4% do faturamento. O carro-chefe são porções e outras bebidas. O empresário diz que, embora a cachaça faça parte da cultura da empresa e tenha destaque nos pontos de venda, deixou de usar a palavra cachaçaria no nome para não sofrer restrições às suas propagandas.
Com as 2.000 garrafas que acumulou ao longo dos anos —da coleção própria e as que recebe de produtores que desejam entrar para o cardápio da rede— ele montou o Museu da Cachaça na sede da empresa, em Tupã. É necessário agendar a visita.
Origem é ponto de atenção para quem trabalha com artesanais
Ana Vecchi, da consultoria especializada em franquias Vecchi Ancona, diz que o empresário inovou ao tirar a conotação negativa da cachaça e posicioná-la como um produto acessível a todos os públicos, inclusive famílias que frequentam seu restaurante.
Ela diz que o ponto crítico para quem trabalha com produtos artesanais, como é o caso de algumas cachaças, é a procedência. "Há muitos produtos que se dizem artesanais ou gourmet, mas por uma questão de marketing. É importante saber a origem do produto, se possui certificações e se atende à legislação da Anvisa sobre alimentos e bebidas."