Os indígenas da Aldeia Vanuíre, em Arco-Íris (SP), vão participar ativamente das eleições municipais deste ano, como eleitores, e alguns deles como candidatos. O voto não é obrigatório para os indígenas que vivem em isolamento, mas muitos decidiram ir às urnas para eleger seus representantes e melhorar a qualidade de vida da comunidade.
Os moradores da aldeia em Arco-Íris votam no cartório eleitoral de Tupã. A chefe do cartório, Luciana Nonato Barreto, explicou que eles são protegidos pela Constituição e podem optar por viver de acordo com seus costumes e tradições. No entanto, o voto passa a ser obrigatório para o indígena quando ele faz o seu título de eleitor.
"A partir do momento que ele faz sua inscrição eleitoral, ele tem que votar. A maioria dos indígenas que nós temos aqui faz o título de eleitor normalmente", explica Luciana.
A participação dessas comunidades nas eleições tem sido cada vez maior. Neste ano, pelo menos 73 candidatos indígenas estão concorrendo a cargos de vereador e prefeito em todo o estado de São Paulo.
Na aldeia em Arco-Íris, foram lançados pelo menos oito candidatos às eleições de 2020. Segundo a cacique Lidiane Damaceno, o objetivo é eleger alguém que entenda as dificuldades da população.
"Este ano a gente teve uma participação maior de candidatos a vereador porque a gente acredita que todos estão falando na mesma voz, porque nós sabemos o que nossa comunidade precisa. Então para gente poder se desenvolver, para sermos atendidos, temos que colocar um lá dentro", explica.
Importância do voto
A cidade de Arco-Íris conta com 2.263 pessoas aptas a votar. Na aldeia vivem mais de 260 indígenas que buscam melhorar a qualidade de vida de toda a comunidade. O cacique Welington Jiusep Barbosa Dias contou que a maior parte dos moradores vive da plantação de mandioca e procura na política o desenvolvimento da parte da agricultura.
Para aumentar a participação da comunidade nas eleições, o cacique explicou que os mais novos aprendem desde cedo a importância da política no dia a dia dos cidadãos.
"A gente tenta a participação dos jovens porque eles são o futuro e a gente tem esse parâmetro com eles. A gente deixa isso pra eles, mas a gente fala a importância do voto porque, querendo ou não, se ele votar no indígena, ele meio que vai ter uma garantia em saber onde ele vai cobrar", afirma.
Esse incentivo também é feito pela Franceline Gomes Conechu Vaiti, que é professora dos moradores mais jovens da aldeia. Ela se formou fora da comunidade, se casou e chegou a morar no centro urbano, mas atualmente, ela e o marido montaram um pequeno comércio e voltaram a morar na aldeia. Para ela, o dia da eleição é muito importante.
"A gente vê a importância do índio estar lá na câmara representando nossa comunidade e eu vou lá votar porque eu quero o melhor. Eu vou lá colocar e penso tal pessoa tem os seus projetos pra aldeia . Então eu apoio", garante a eleitora.
Mesmo o padrasto da Franceline, que tem 63 anos, afirmou que não vai deixar de exercer o direito ao voto nas eleições municipais deste ano.
"Eu vou porque eu quero a melhora dentro da aldeia. A gente procura cobrar o que eles prometem pra ver se a coisa melhora pra aldeia", opina o aposentado Marcos Elias de Melo.
G1
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