Caciques fecham aldeia de Arco-Íris após morte de indígena por Covid

Os caciques da Aldeia Vanuíre, em Arco-Íris (SP), decidiram fechar a comunidade depois que uma indígena morreu diagnosticada com Covid-19. A morte da idosa de 62 anos foi a primeira confirmada na cidade de 1,7 mil habitantes. De acordo com uma das líderes da aldeia, Lidiane Damasceno Krenak, a comunidade foi fechada para evitar a disseminação da doença. Com isso, mais de 230 pessoas, cerca de 80 famílias, estão em isolamento dentro de suas casas. Desde o início da pandemia, no entanto, a aldeia já estava fechada para visitação. O cacique Welington Jiusep Barbosa Dias lamentou a morte da indígena, que não resistiu às complicações da doença no último sábado (26). Ela estava internada na Santa Casa de Tupã (SP). "É difícil esse momento, essa perda dói porque ela nos conhecia desde quando nascemos. É dolorido, mas estamos tentando suportar essa dor. Vamos ver o que acontece. A aldeia continua fechada em quarentena. Se precisar sair, só para fazer as coisas necessárias na cidade, é o que a gente pode fazer", explica o cacique.

De acordo com a Secretária de Saúde de Arco-Íris, Milena Silva Jesus, outros dois indígenas da aldeia estão internados com sintomas de coronavírus. Um deles testou positivo para Covid e o outro, marido da indígena que morreu, ainda aguarda o resultado do exame. A secretária informou ainda que foi feita uma testagem em todos os indígenas da aldeia no último dia 22 e que os resultados devem ser divulgados nesta terça-feira (29). Em agosto, uma testagem em massa na aldeia apontou três casos positivos da Covid-19. Segundo o boletim epidemiológico divulgado juntamente com a equipe da Vigilância Sanitária do município, Arco-Íris tem 23 casos confirmados. Arco-Íris tem população estimada de 1.773 habitantes, de acordo com o IBGE, e foi a 88ª cidade do centro-oeste paulista a registrar mortes por Covid. Apenas 12 cidades da região não tem óbitos confirmados pela doença. A morte por Covid em Arco-Íris também é a segunda de indígena no centro-oeste paulista. A primeira foi no início de novembro na Aldeia Tereguá, na Terra Indígena de Araribá, em Avaí. Segundo a coordenadora do Polo Base Bauru, Thaís Cristine Caetano, a vítima era um idoso de 61 anos sem comorbidades, que ficou 25 dias internado no Hospital Estadual de Bauru. Ela informou que, atualmente, Araribá não tem casos suspeitos ou ativos da doença.

G1