Parados há quase um ano, profissionais de eventos migram para outros ramos para sobreviver
04/03/2021
Quatro profissionais ouvidos pelo TupãCity.Com relatam dificuldades neste período.
Com as medidas sanitárias para conter o avanço da covid-19 em todo o mundo, eventos como shows, festas, peças de teatro, entre outros, foram paralisados do dia para a noite. Por conta disso, artistas e empresas de Tupã e região foram forçados a se reinventar para sobreviver. Responsável pela movimentação de grandes quantias de dinheiro anualmente, por conta das atividades paralisadas há quase um ano e sem previsão de volta, o setor foi um dos mais impactados pela pandemia. O resultado disso são profissionais que precisaram se "virar" em outras áreas para conseguir sobreviver. A tupãense Luciana Dias Cajuca, trabalha com a locação de brinquedos para festas e está sem alugar seus produtos desde março de 2020. Ela conta que antes da pandemia empregava de forma freelancer quase 20 pessoas, que atualmente se encontram desempregadas. "A pandemia pegou a gente desprevenido, então está sendo bem difícil. O dia 13 de março de 2020 foi a última festa que realizamos. Por conta da situação, começamos a alugar a cama elástica, sem monitores, mas, os adultos subiam no brinquedo e o estragavam. Tivemos que parar de alugar porque o prejuízo era muito grande", relata à equipe de reportagem do TupãCity.Com. Para driblar a situação, Luciana conta que começou a vender salgados e bolos no início da pandemia. "No começo tudo era mais barato e as vendas eram melhores. Mas, os preços começaram a subir e, consequentemente, o valor dos salgados também, as vendas caíram muito. Eu me reinventei e agora vou ter que me reinventar novamente". A empreendedora fala que com os valores que recebe com a venda de salgados, consegue pagar apenas o básico, o que não pode ficar sem. "Temos esperança de que o setor vá voltar logo e pretendo continuar na área porque esse é um setor que eu amo e faço com muita paixão", conclui. O músico Ivan Bagagi relata ao TupãCity.Com que os efeitos da pandemia causaram a maior crise da indústria musical e artística e que tem participado de editais oferecidos pelo governo federal, estadual e municipal. "Desde que optei pela minha profissão nunca trabalhei focado em eventos, sou músico instrumentista, mas também sou educador musical. Minha arrecadação hoje com apresentações não chega a 20% do que arrecadava antes da pandemia". "Tivemos que nos reinventar como quase todos os outros setores, trabalho hoje atendendo escolas com aulas remotas, participo de Lives onde os cachês são pagos por patrocinadores, empresários e amigos que apoiam a causa cultural", explica Ivan. Segundo o Wagner Luques, que atua na montagem de estruturas de eventos, os recursos disponibilizados pelo governo federal foram de grande ajuda para que o empreendedor mantivesse seus funcionários. "Usei todos os recursos disponíveis, para não mandar embora minha equipe, que é muito competente. Mas, o prazo de carências e adiamentos de parcelamentos está acabando, não sei mais o que fazer. Todas as minhas reservas já foram utilizadas e não temos mais serviços. Estamos sem perspectivas de quando vamos voltar". Ele comenta que em sua área não houve maneira de se reinventar, afinal existe evento que precisa de estrutura ou não. "Tenho estrutura para uma feira mas não posso realizar. Tenho para um show que não podemos fazer. Enfim, frustrante", declara. Em relação ao impacto que a pandemia provocou em sua vida, o empreendedor brinca e diz que não viu o caminhão que o atropelou. "Nem vi o caminhão que me atropelou [risos>. Tudo que conquistei na vida foi com o trabalho de eventos e ter que parar sem previsão de volta é desolador e frustrante". Já o Wilson Barbosa Filho, que promovia eventos de funk, antes da pandemia realizava cerca de 12 festas por ano e agora precisou mudar completamente a sua vida. "O auxílio emergencial, as entregas de marmitas e os serviços como encanador foram minhas fontes de renda durante a pandemia". Ele conta que não conseguiu se reinventar durante o período, mas tem esperanças de que o setor retorne novamente.
TupãCity - Ana Santoni
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