Expostos ao coronavírus, coletores de lixo e garis trabalham com medo: "só Deus nos protege"
17/03/2021 Apesar de todo o risco que correm, esses profissionais não fazem parte do plano de imunização contra a covid-19, estabelecido pelo Governo Federal.
Garis e Coletores de Resíduos (Lixos orgânico e reciclável) colocam a vida em risco todos os dias ao percorrerem as ruas para deixar a cidade limpa. Com isso, acabam sendo expostos constantemente ao risco de contaminação pelo coronavírus.
Em entrevista ao TupãCity.Com, o coletor de resíduos, Paulo César Ferreira, mais conhecido como Pebinha, que já atua na profissão há 8 anos, relatou o medo de ser contaminado pela doença e acabar transmitindo para sua família.
"Como a gente tem família, é claro que temos medo sim, mas só Deus nos protege.", relata.
Ele também conta que trabalhar na rua traz uma experiência diferente todos os dias e o que mais lhe chama atenção é o carinho da população. "A população sempre nos abraça como se fossemos da família deles, temos muita gratidão, sem falar nas crianças que sempre vem nos presentear. Só quem passa sabe o quanto é gratificante".
O Alan Douglas Dias, atua há cinco anos como coletor de resíduos no município, acredita que os profissionais deveriam ser vacinados. "Tenho medo de levar o vírus para casa, sou casado e tenho duas filhas pequenas. Acho que devemos tomar sim porque corremos riscos de contrair essa doença e transmitir para nossos familiares", conta.
Apesar de todo o risco que correm, esses profissionais não fazem parte do plano de imunização contra a covid-19 e ainda estão longe de serem contemplados, já que o município de Tupã segue as recomendações do plano de imunização.
O TupãCity.Com entrou em contato com a Prefeitura de Tupã e, em nota, o órgão público respondeu que ainda não tem uma data prevista para a vacinação destes profissionais. Veja a nota completa abaixo:"O Plano de Nacional de Operacionalização da Vacinação e o Plano de Imunização do Governo do Estado de São Paulo ainda não preveem a data de vacinação para os garis. A Prefeitura de Tupã estabelece a agenda de vacinações de acordo com os grupos determinados pelos dois planos, e de acordo com a quantidade de doses disponíveis.
Segundo o Ministério da Saúde, o plano de vacinação foi baseado em princípios similares aos estabelecidos pela OMS, bem como nas considerações sobre a viabilização operacional das ações de vacinação. Optou-se pela priorização de: preservação do funcionamento dos serviços de saúde, proteção dos indivíduos com maior risco de desenvolvimento de formas graves e óbitos, seguido da proteção dos indivíduos com maior risco de infecção e a preservação do funcionamento dos serviços essenciais".
Além do mais, por recolherem o lixo doméstico e reciclável de todos, esses profissionais têm contato direto com resíduos que podem estar infectados. Por conta desta situação, no ano passado, a própria categoria se mobilizou para orientar a população contaminada a colocar uma fita vermelha na superfície do saco.
Entretanto, os profissionais contam que essa conscientização ocorreu apenas nas primeiras semanas da mobilização. "Não sinaliza não, isso só no começo. Agora tá difícil! Nossa classe é a que mais precisa (de vacina) porque somos vulneráveis a todo tipo de vírus, porque coletamos em todos lugares, inclusive hospitais", destaca Pebinha. "Olha, até hoje eu vi apenas três pessoas sinalizando", acrescenta Douglas.
Mesmo assim, a contaminação pode ocorrer a qualquer momento. Vale destacar que a vereadora Claudinha do Povo apresentou uma indicação para que o prefeito inclua garis e coveiros na imunização. Em resposta à parlamentar, a Prefeitura respondeu que o Secretário de Agricultura e Meio Ambiente, José Rodrigues, solicitou à Secretaria Municipal da Saúde a inclusão dos respectivos supracitados no rol prioritário e que, cabe à Secretaria Municipal da Saúde informar o cronograma de vacinação.