Ao menos cinco médicos matriculados no programa de residência em Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HC/Famema) notificaram judicialmente a instituição.
Eles alegam sobrecarga de trabalho em decorrência da pandemia da Covid-19 e exigem que seus nomes deixem de ser inclusos na escala de plantão para o atendimento de pacientes com sintomas da doença.
"Além de já contarem com regular e própria escala de trabalho em plantão", os médicos afirmam que passaram a ser convocados para plantões de atendimento clínico de casos suspeitos ou confirmados de infecção do novo coronavírus.
Isso ao mesmo tempo em que, segundo a queixa, o departamento em que os médicos atuam também "passou a absorver significativa demanda oriunda dos casos Covid-19".
Na ação, profissionais afirmam que pode ser "observado o aumento na quantidade de laudos que, diariamente, passaram a ser emitidos em comparação ao mesmo período de outros anos".
Os médicos que movem a ação pontuam ainda que, há um ano, o programa de residência médica em Radiologia deixou de contar com a participação de estagiários "que também auxiliavam no atendimento regular da demanda".
Com isso, residentes argumentam que o quadro de profissionais da categoria "se encontra bem diminuído e sofrendo sobrecarga devido à inclusão também destes na escala de plantão [de pacientes Covid>".
Outra alegação dos médicos é de que os profissionais da área de radiologia "não são os mais apropriados para prestar atendimento clínicos direto aos pacientes da Covid-19".
Ação afirma, inclusive, que o HC/Famema "deve prestar sua contrapartida, quer remanejando seus médicos de áreas eletivas e mais ociosas ou contratando outros a assumir essa demanda oriunda da Covid-19".
Para os médicos, "apesar do recebimento de repasses complementares justamente para o aumento desses atendimentos, não foi observado até então [remanejamento ou contratação>, estando [o HC/Famema> a se valer substancialmente dos residentes", concluem.
OUTRO LADO
Em nota, O HC/Famema informa que recebeu uma notificação judicial no início do ano, e documentação foi assinada e encaminhada à Procuradoria Geral do Estado, responsável pela defesa da instituição em juízo. "Até a presente data, não recebemos mais nenhuma intimação judicial a respeito", diz.
Ainda no texto, a instituição informar que cada residente realiza em média 1 único plantão de 6h a cada 2 meses, ou seja desde que iniciaram a participação na escala, em agosto de 2020, realizaram no máximo 4 plantões de 6h. "Todos esses plantões são realizados com escala de profissional médico assistente do Pronto Socorro, de retaguarda para o caso de alguma dúvida. Em relação aos recursos recebidos pelo HC/Famema para enfrentamento da Covid, foram utilizados ao propósito do recebimento, ou seja, abertura de 40 leitos de UTI Covid, devidamente regulamentados e acompanhados pelo Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado de São Paulo", esclarece.
Por fim, "o HC/Famema lamenta a resistência desses profissionais médicos, em colaborar espontaneamente, mesmo diante de bolsa para tal, neste momento de gravidade, perante contexto epidemiológico nacional e mundial que vivemos, diferente do que se espera de qualquer profissional da saúde neste momento", conclui.
Marília Notícia
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