"Achei que morreria" diz padre tupãense sobre a Covid-19
28/04/2021 Tiago, em isolamento, conviveu com a preocupação após saber que a família dele, em Tupã, simultaneamente e coincidentemente, também tinha sido infectada quase que toda.
Vigário paroquial de Santa Rita de Cássia, em Marília, o padre Tiago Aparecido de Souza Barbosa, que é tupãense, fez um relato que emocionou fiéis, em sua página em uma rede social. Ele venceu a Covid-19, isolado em Marília. De forma simultânea, sua família enfrentava um surto da doença, com dez contaminados e cinco internados. O religioso afirmou que, durante dois dias da doença "achou que morreria".
O padre presidiu a Eucaristia (sacramento católico da comunhão) publicamente pela primeira vez, no domingo (25). Foi a primeira celebração que pode participar, em sua comunidade, após o contágio pelo coronavírus e cura da doença.
Tiago, em isolamento, conviveu com a preocupação após saber que a família dele, em Tupã (distante 70 quilômetros de Marília), simultaneamente e coincidentemente, também tinha sido infectada quase que toda.
Dez familiares tiveram Covid, cinco precisaram ser internados, incluindo a mãe. "Mesmo que, de maneira discreta e breve, o contato com o povo fiel encheu meu coração de emoção e, por meio de cada aceno e sorriso recebidos das pessoas que em nosso templo estavam, experimentei, de maneira ímpar, o pastoreio de Cristo em minha vida" escreveu o pároco.
Ele teve sintomas da doença no dia 1º de abril - quinta-feira da Semana Santa. A confirmação ocorreu na quarta-feira seguinte (7).
"Nas últimas semanas, literalmente, senti em meu corpo as feridas emocionais abertas pela Covid-19 e, com fé, dor e fraqueza corporal, trilhei a via do Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas" escreveu o religioso.
Primeira celebração da Eucaristia após doença e cura (Foto: Fotos: Amanda Felix/Pascom Paroquial)
"Durante dois dias da doença achei que morreria e que nunca mais poderia celebrar os Santos Mistérios do Altar. Essa constatação me consumiu muito", completou.
Barbosa, que não chegou a ser internado, mas teve atendimento médico domiciliar na casa paroquial, citou a dedicação e o cuidado que muitos tiveram com ele. "Da janela do quarto, contemplei, diariamente, todos que me levaram alimentação, remédios e carinho, por meio do gesto generoso e acompanhado pelo sorriso", escreveu.
Em sua mensagem final, o vigário alertou para a preservação da vida. "Cuidemos do dom da vida! Peço a vocês, que cumpramos todos os protocolos sanitários, exigidos no momento", escreveu.
O religioso, que ainda observa sequelas cognitivas e cansaço eventual, como consequência da doença, reforça o compromisso de orar pelos que sofrem.
"Com muita fé, diariamente, rezemos pelos infectados, por seus familiares, pelos profissionais da saúde e por todos que, para garantir o pão material em suas mesas, saem para o trabalho cotidiano. Que Deus favoreça a todos", escreveu.