ZOOM APP

O sonho da vendedora Márcia Teixeira e do funcionário público Robert Rett, moradores de Bauru (SP), era bem claro: realizar uma grande festa de casamento para celebrar a união e o amor do casal. A data escolhida foi o dia 12 de junho de 2021, dia dos namorados. Em 13 dias tudo foi organizado - o local do evento, a decoração, os convidados, a cerimônia. Tudo ao ar livre e respeitando as regras para evitar o contágio da Covid-19. Mas parte do sonho de se casar só foi acontecer meses depois e num local bem diferente, no leito de um hospital.

Robert e Márcia se casaram enquanto ele estava internado no hospital por causa de sequelas da Covid — Foto: Arquivo pessoal
Robert e Márcia se casaram enquanto ele estava internado no hospital por causa de sequelas da Covid — Foto: Arquivo pessoal
Seis dias antes do casamento marcado, enquanto faziam as lembranças para serem entregues no fim da festa, Robert começou com uma leve tosse persistente. No dia seguinte, os sintomas gripais ficaram mais fortes. A febre começou a aumentar. Três dias antes de casar veio o resultado: o teste dele deu positivo para Covid-19. "Foi tudo bem rápido. A saturação dele começou a baixar muito. No dia que estava marcado nosso casamento, 12 de junho, ele deu entrada na UTI. No dia seguinte, ele já foi intubado. A minha tristeza em ter que cancelar todo o casamento virou preocupação. Não imaginava que a Covid fosse chegar assim tão perto", conta a vendedora Márcia. A partir daí foram dias de angústia e ansiedade. Márcia também testou positivo para Covid-19 e ficou isolada em casa sem sintomas. As notícias que recebia do noivo eram apenas pelos boletins diários informados pelo hospital. Os médicos tentaram tirar Robert da intubação, mas não foi possível. Quando o período de isolamento da vendedora terminou, ela resolveu que precisava fazer algo. "Eu comecei a ir todos os dias das 18h30 às 20h30 na rua do hospital, perto da janela do quarto onde o Robert estava. Colocava músicas de louvor a Deus no carro pra ele ouvir, cantava pra ele, fazia declaração de amor. Foi assim todos os dias em que ele ficou intubado. Estive lá intercedendo por ele. Acredito muito que as palavras têm poder, então eu ia até lá para declarar a cura dele. O que me sustentou foi a fé", relata. Após 23 dias de intubação, o funcionário público foi para a UTI normal. Nesse local, Márcia pode ir visitá-lo e o reencontro foi emocionante. "Ele estava um pouco sonolento, mas ficou bastante emocionado. Assim que possível ele disse que me amava, que eu era a mulher da vida dele e me pediu perdão pelas vezes que não havia dito que me amava."
Casal tinha marcado a data do casamento para 12 de junho — Foto: Alexandre Galhardo
Casal tinha marcado a data do casamento para 12 de junho — Foto: Alexandre Galhardo
Início do namoro Márcia conheceu Robert em uma igreja evangélica de Bauru em 2018. Logo que viu o funcionário público cantando durante o culto foi amor à primeira vista e pensou: "é com esse homem que eu quero casar". Eles se conheceram melhor, ficaram amigos e a vendedora decidiu logo falar o que sentia e se declarou, mas não foi correspondida de imediato. Robert disse que não queria namorar. "Depois disso eu pedi ele em namoro mais duas vezes e nada de aceitar. Antes de desistir, resolvi pedir mais uma vez e aí ele aceitou que a gente tentasse o namoro. Eu sentia que ele era o homem da minha vida", conta. Pouco tempo depois o namoro deu tão certo que o casal decidiu organizar o casamento em uma chácara. Casamento fora dos planos A sintonia e o amor do casal ultrapassou todas as barreiras. Enquanto ainda estava internado e bem debilitado, Robert organizou uma comemoração dentro do hospital no dia do aniversário da noiva. "O Robert conseguiu escrever uma carta pra mim, com a letra ainda trêmula. Foi o melhor aniversário da minha vida. Meu maior presente foi ele estar comigo. Tive a certeza que a gente precisava casar logo", diz. Márcia começou, então, a ajudar o noivo a treinar a assinatura. Por causa do longo período de internação Robert ficou com a musculatura enfraquecida e com pouca mobilidade nas mãos. Quando conseguiu melhorar os movimentos, com o livro do cartório em mãos, o casal finalmente se casou no civil, no último dia 18 de agosto. "Ele até me perguntou se eu queria casar com ele naquela situação e eu disse sim. Foi a minha prova de amor. Amo o Robert de qualquer jeito. Eu entendi que a festa pode esperar, a saúde não. Agora estou disposta a fazer tudo para ajudá-lo na recuperação", declarou. Vitória contra a Covid No dia 3 de setembro, o funcionário público teve alta do hospital e voltou para a casa. A saída do hospital foi motivo de alegria para os funcionários e para a esposa. A meta do casal agora é viver um dia de cada vez, já que, nas palavras do próprio Robert, o sonho do casamento numa Igreja não foi interrompido, apenas adiado. "O amor cura. A fé em Deus e o amor movem o mundo. Tudo que vivemos foi para amadurecer nossa fé e eu descobri uma força em mim que até então não conhecia. A Covid-19 é uma doença muito triste, temos que nos cuidar, tomar a vacina e pensar positivo sempre", afirma Robert.

G1

cabonnet

Compartilhe:

Receba Notícias do TupãCity pelo Whatsapp


Participe dos nossos grupos

Fique informado em tempo real sobre as principais notícias de Tupã e região.

Instagram