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O soldador acusado de cometer uma série de crimes violentos contra mulheres em cidades da região noroeste paulista passa nesta quinta-feira (21) pela primeira audiência de instrução. José Antônio Miranda da Silva foi preso no bairro Ouro Verde, em São José do Rio Preto (SP), no dia 19 de junho de 2020. Ele segue à disposição da Justiça em um presídio do interior de São Paulo. As investigações comandadas pelo delegado Wander Luciano Solgon apontaram que o soldador estuprou 17 mulheres de forma extremamente violenta.

José foi preso em Rio Preto depois de meses de investigação — Foto: Reprodução/TV TEM
José foi preso em Rio Preto depois de meses de investigação — Foto: Reprodução/TV TEM
"O caso foi todo investigado por nós, mas alguns crimes aconteceram em outras cidades. O processo foi desmembrado. A investigação deu bastante trabalho e chamou atenção por conta da quantidade de vítimas. Ele ficou preso um bom tempo preso, mas saiu e voltou a cometer uma série de crimes", disse Wander Solgon. De acordo com o Ministério Público (MP), José Antônio Miranda da Silva foi denunciado por dois homicídios consumados, sete tentativas de homicídio, cinco roubos e sete estupros contra nove vítimas. O promotor José Márcio Rossetto Leite espera que o soldador seja condenado a 200 anos de prisão. "As tentativas e os homicídios foram triplamente qualificados por crueldade, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio. Nossa ideia é deixá-lo ser condenado pelo Tribunal do Júri. Assim garantimos que o soldador vai ficar ao menos 40 anos preso. Ele não pode mais sair da cadeia", explicou o promotor na época em que ofereceu denúncia contra o soldador. Na audiência de instrução desta quinta-feira, o réu e as testemunhas de acusação e de defesa serão ouvidos. O promotor e o advogado também se manifestarão. Em seguida, o juiz decidirá se o réu será submetido a júri popular. Denúncia Consta na denúncia do Ministério Público que José ganhava a atenção ou confiança das vítimas e as colocava no seu veículo. Logo depois, as mulheres eram levadas para um local ermo, onde eram estupradas de forma extremamente violenta. O soldador também enforcava as vítimas com cintos e cordas e riscava o corpo delas com faca. "Ele ateou fogo em duas. Uma ele matou. A outra conseguiu sobreviver. Mas ele sempre levava um galão junto. Teve uma vítima que ele enterrou, mas também conseguiu sobreviver. As mulheres eram mantidas em uma mata. Ele começa estuprá-las à noite e continuava até a madrugada. As vítimas desmaiavam, e ele continuava. Enfim, fazia sessões de estupros", disse o promotor de Justiça. "Tive acesso às fotos das vítimas. Elas ficavam muito machucadas. As que sobreviveram saíam peladas, andavam por horas em uma estrada, totalmente desnorteadas. Outra mulher andou até um cemitério e deitou em um buraco, provavelmente, uma cova. Ela dormiu o dia todo e foi encontrada pelo coveiro", complementa. Como a autoria dos crimes ainda não era conhecida, os policiais passaram a realizar incessantes buscas a fim de se localizar um suspeito com as mesmas características físicas e do veículo utilizado. Uma fotografia foi mostrada para as mulheres, que reconheceram José como o autor dos crimes. Os investigadores pediram a prisão do soldador e conseguiram localizá-lo. A polícia continuou analisando boletins de ocorrência e descobriu que o criminoso era responsável por outros estupros, homicídios e tentativas de homicídios. Segundo a denúncia do Ministério Público, as duas mulheres mortas por José foram Sebastiana de Fátima de Souza e Adriana de Mello Viana. Elas eram dependentes químicas e foram assassinadas com extrema crueldade. Os corpos delas foram encontrados em lugares ermos. As vítimas que sobreviveram aos ataques ficaram com diversos ferimentos pelo corpo e extremamente abaladas. Algumas se fingiram de mortas para conseguir escapar. Outras precisaram ser internadas em hospitais e fazer tratamento psiquiátrico. "Pesquisando o passado do denunciado, a polícia descobriu que ela tinha cumprido longa pena criminal pela prática de crimes da mesma natureza, deixando o cárcere recentemente, no final do ano de 2017", consta em um trecho da denúncia. "O denunciado, no início da década de 1990, ficou conhecido como o "Maníaco do Corcel", tendo em vista o veículo Ford Corcel que utilizava para praticar os crimes. Atuando da mesma maneira, oferecia carona a mulheres sozinhas e depois as levava até propriedade rurais da região, onde eram violentadas, estupradas e vítimas de tentativa de homicídio e roubo também", escreveu o promotor de Justiça em outra parte.

Portal G1

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