Pais de menina com Síndrome de Down diagnosticada com leucemia raspam cabelo em apoio à filha
01/01/2022 Sem preocupação com julgamentos, Luciana Sena Mendes e Luiz Monteiro Mendes não hesitaram em raspar os cabelo em amor e acolhimento à pequena Maria Luiza Sena, de 6 anos, em Jaú (SP).
Os pais de uma menina de seis anos com Síndrome de Down diagnosticada com leucemia rasparam o cabelo em apoio à filha, que passa por quimioterapia em um hospital de Jaú (SP), desde outubro deste ano.
Em entrevista ao g1, a mãe da pequena Maria Luiz Sena Mendes, Luciana Sena Mendes, de 48 anos, contou que os cabelos da filha começaram a cair a partir do segundo ciclo do tratamento.
"Ela ficou bem no primeiro ciclo de quimioterapia, mas, ao começar o segundo, percebi que, aos poucos, os cabelos dela estavam caindo, cada vez mais constante e em maior quantidade. Ela puxava os fios e me entrega como se não estivesse entendo o motivo dos cabelos caírem", explica.
Foi então que, no dia da formatura de uma das irmãs de Maria Luiza, Luciana contou à filha que rasparia o cabelo junto com ela e o marido. Sem preocupação com julgamentos, os pais da menina não hesitaram em fazer o ato de amor e acolhimento.
"Desde o diagnóstico, eu sabia que esse dia chegaria. Não me preocupei com julgamentos, eu só pensei nela. Por amor, eu fiz e faria novamente, principalmente se isso trouxer saúde para a minha filha. Queria que ela se sentisse acolhida, que entendesse aquilo como algo normal dentro de casa", diz.
Luciana também afirmou que não foi fácil para Maria Luiza raspar o cabelo. Apesar da pouca idade, segundo a mãe, a menina amava e cuidava dos fios lisos. Por isso, ao ouvir o som da máquina de raspar no cabeleireiro, ela ficou inquieta e reclamou.
"Apesar de ser uma criança que muitas vezes não entende as coisas do dia a dia, ela sentiu muito a perda dos cabelos, porque mexeu muito com a autoestima dela", conta.
Porém, Luciana diz que, quando viu que estava sem os cabelos assim como a mãe, a pequena logo se animou. "Não podemos receber o tratamento por ela, mas raspar o cabelo está ao nosso alcance."
Rotina pós-diagnóstico
A menina foi internada no Hospital Amaral Carvalho (HAC) de Jaú no dia 7 de outubro, quando recebeu o diagnóstico de leucemia. Dois dias depois, iniciou os tratamentos do primeiro ciclo da quimioterapia.
"A gente não esperava o diagnóstico, apesar dos desafios do dia a dia. Em um primeiro momento, eu perdi o chão, mas sei que a Maria Luiza precisa de força, então virei as costas para tudo, porque agora meu foco é a melhora dela", comenta Luciana.
Por conta da complexidade da doença, foram necessários 24 dias de internação. Já para o segundo ciclo, que ocupa quatro dias por semana, seria permitido que a família viajasse de volta para casa, em Araraquara (SP) durante alguns dias, porém, Maria Luiza não reagiu bem e os pais preferiram interná-la novamente.
"A quimioterapia é uma montanha-russa. Você não sabe o que esperar, como vai ser a reação em cada organismo. Agora, no fim do segundo ciclo, estamos em casa, mas voltamos a Jaú na segunda-feira (3) para iniciar o terceiro mês", conta.
Para felicidade dos médicos e dos familiares, Maria Luiza está reagindo bem ao tratamento e, após o diagnóstico, passou a seguir uma rotina regrada de alimentação, remédios e exames. Isso porque são seis meses de quimioterapia, além da fase de manutenção, totalizando dois anos entre idas e vindas do hospital.