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Um dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros, o leite está começando a pesar no bolso do consumidor. Isto porque já é possível encontrar a embalagem longa vida de 1 litro por mais de R$ 7. Em alguns estabelecimentos em áreas mais caras, esse valor pode chegar a quase R$ 10 para marcas especiais. De acordo com o último levantamento do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o leite longa vida acumula alta de 29,28% nos últimos 12 meses —e de 28,03% somente em 2022. O produto é um dos principais itens que puxam o aumento da inflação dentro do grupo de alimentos e bebidas, e deve continuar a pressão inflacionária, já que estamos em entressafra da produção.

Preço do leite em supermercado de Tupã/Foto: Bruna de Pieri
Preço do leite em supermercado de Tupã/Foto: Bruna de Pieri
"Os preços do leite estão em alta devido à oferta limitada. Com o inverno e o clima mais seco, a qualidade das pastagens cai e, por isso, a alimentação do rebanho é afetada, levando à queda na produção". diz Natália Grigol, pesquisadora da área de leite do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo (Cepea - Esalq/USP). De acordo com a especialista, os efeitos climáticos do La Niña também contribuíram para a subida do preço do leite no campo e, consequentemente, no mercado. Segundo ela, a seca (causada pelo La Niña) no final do ano passado e início deste ano reduziu a qualidade do pasto para a alimentação dos animais, afetando o desempenho da atividade. O estudo também aponta que a ração, os suplementos minerais, os fertilizantes e o combustível tiveram aumento crescente nos últimos três anos, o que gerou alta do custo operacional do produtor de leite. "Isso levou muitos pecuaristas a saírem da atividade ou a enxugarem investimentos. Como consequência, agora enfrentamos dificuldade para elevar o nível da oferta", conta Natália. Quando acaba a entressafra do leite? O período da entressafra deve seguir até meados de setembro, quando está previsto o retorno das chuvas de primavera. No entanto, isso não significa que a maior oferta do produto lácteo irá trazer alívio ao consumidor. "É possível que a demanda global [por leite> drene a oferta doméstica e isso pode ser intensificado pelo real desvalorizado. Por isso, é difícil prever que haja uma reversão dos preços dos alimentos, como os derivados, diante do posicionamento macroeconômico que o Brasil tem adotado", afirma a pesquisadora do Cepea. O preço do leite nos mercados Segundo pesquisa realizada durante a pandemia pela Behup, empresa de tecnologia especializada em estudos do comportamento humano e de consumo, 90% da população brasileira consome leite regularmente, sendo que 58% fazem uso da bebida todos os dias. Mesmo com a redução da renda das famílias, 70% dos consumidores regulares de leite disseram que o alimento não podia faltar em casa. No entanto, os preços inflacionados estão começando a assustar o brasileiro. Queijo e leite em pó também estão caros De acordo com o boletim divulgado pelo Cepea - Esalq/USP, o preço dos derivados do leite também deve continuar subindo nos próximos meses. O estudo mostra que a primeira quinzena de junho registrou uma valorização dos produtos lácteos. O queijo mozarela pode ser encontrado em média por R$ 34,67/kg, e o leite em pó integral por R$ 29,99/kg. Os alimentos tiveram altas de 11,9% e 5,5%, respectivamente, em relação aos preços de maio.

UOL

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