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Dona Maria Cardoso tem 29 netos, 35 bisnetos e 20 tataranetos, em Promissão (SP) — Foto: Pâmela Cristina Matias Gomes/Arquivo pessoal
Dona Maria Cardoso tem 29 netos, 35 bisnetos e 20 tataranetos, em Promissão (SP) — Foto: Pâmela Cristina Matias Gomes/Arquivo pessoal
A idosa de 102 anos que viralizou nas redes sociais após entregar currículo em uma empresa de Promissão (SP) com o objetivo de trabalhar se mantém na ativa realizando ações de marketing para uma companhia de vinho. Tudo começou em 2021, quando dona Maria Cardoso surpreendeu uma recrutadora de uma empresa que recebeu o currículo com a demonstração do interesse dela em trabalhar em um frigorífico da cidade do interior de SP. À época, a aposentada explicou que o objetivo era conseguir uma renda extra para comprar as coisas que gosta sem depender dos familiares, dentre elas o vinho. Diante do desejo da centenária, a sua família teve a ideia de fazer o currículo como forma de brincadeira, mas ele logo viralizou nas redes sociais. "Eu quero trabalhar para comprar meus vinhozinhos , minha carninha , para não depender só da filha, ajudar um pouco", contou à época dona Maria Cardoso. Uma companhia de vinho logo se encantou pela história, e Dona Maria foi contratada para ações pontuais de marketing, com participações em vídeos e fotos de divulgação da empresa. Após pouco mais de um ano como "contratada", as mudanças já são sentidas no dia a dia. "Com o emprego, além da ocupação e da brincadeira, ela conseguiu dar uma reformada na casa. Ela só se mantinha com a aposentadoria. Agora, com o dinheiro que ela ganha, já trocou o sofá, trocou a geladeira, deu uma renovada no guarda-roupa, porque ela é bem vaidosa. Ela está toda renovada e bem feliz", conta a bisneta Pâmela Cristina Matias Gomes. Dona Maria mora com a filha, de 80 anos, e conta com uma larga linhagem, com 29 netos, 35 bisnetos e 20 tataranetos. De acordo com Pâmela, que mora próximo à bisavó e foi a responsável por mandar o currículo aos recrutadores a pedido da própria dona Maria, a relação da bisavô com o atual "chefe" é a melhor possível. "Ela gosta muito do Diogo. Ele liga sempre, conversa com ela. Já ela diz que ganhou mais um neto. Então, se ele fica um tempo sem ligar, ela já fica perguntando dele, querendo saber como ele está", conta Pâmela. Apesar da "relação patronal", tudo não passa de uma grande brincadeira. Quando possível, Dona Maria ajuda tirando algumas fotos com os produtos da marca de vinho, mas tem passe livre para parar a hora que quiser. "Vez ou outra, ela faz uma ação, tira umas fotinhas, dá um golinho no vinho. No emprego, o Diogo, que é o dono da marca que deu essa oportunidade, sempre lembra que ela vai ter esse emprego até quando ela quiser, porque é uma brincadeira. Jamais deve ser um peso para ela", diz Pâmela. Dona Maria não completou os estudos, pois trabalhou na roça desde os nove anos de idade. No último dia 31 de maio, diante da sua história, ela foi condecorada com o título de cidadã promissense na Câmara Municipal. "Ela é muito grata por tudo. Tudo começou como uma grande brincadeira, mas hoje virou uma forma de mantê-la ativa e feliz", relata Pâmela.
Dona Maria fez currículo com intenção de trabalhar em Promissão (SP) para comprar vinhos — Foto: Pâmela Cristina Matias Gomes/Arquivo pessoal
Dona Maria fez currículo com intenção de trabalhar em Promissão (SP) para comprar vinhos — Foto: Pâmela Cristina Matias Gomes/Arquivo pessoal
Idosos no mercado de trabalho E dona Maria não está sozinha nesse cenário. A última Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio contou com quase 1,2 milhão de trabalhadores a partir de 70 anos na ativa, e a curva mostra uma volta acelerada desse grupo ao mercado desde 2016. Caiu, mas já está de volta ao mesmo nível pré-pandemia. A caminhada até a aposentadoria está mais longa por causa da alta do custo de vida, mas também porque os idosos estão chegando muito bem aos 70, 80 anos, com boa capacidade física e de adaptação às mudanças do mercado de trabalho. Deste modo, o número de trabalhadores com mais de 70 anos subiu quase 23% em um ano; bem mais do que a média de todas as faixas etárias, que foi de 9%. Segundo Renan Pieri, professor de economia da FGV-Eaesp, a população com mais de 70 anos que ainda trabalha foi a principal atingida pela pandemia, até por conta do risco de saúde. Então, é natural que agora também tenha uma recuperação um pouco mais importante. Ainda segundo o especialista, essas empresas que estão tendo que recolocar essas vagas procuram trabalhadores mais experientes, que já passaram por vários treinamentos, que conhecem todo o ciclo dos processos dentro das empresas.

G1

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