Faltam 7 anos para nossa cidade completar 100 anos e estamos perdendo tempo. Perdendo tempo e colaborando com o atraso do desenvolvimento da nossa cidade. Sim, nós, eleitores. O motivo é bastante simples: insistimos em votar em candidatos paraquedistas.
"O candidato que disponha de elevados recursos financeiros tem grandes facilidades para se eleger. Pode organizar e custear comitês de campanha em todos os municípios do Estado. Se obtiver cem votos em cada município, estará eleito pela máquina que montou. Os eleitores não o conhecem. Ele é quase um fantasma. Foi eleito pelo dinheiro que gastou", escreveu André Franco Montoro, autor do primeiro projeto de lei criando o voto distrital.
No Brasil, o voto distrital não é uma realidade, mas não faltam especialistas para defender esse modelo eleitoral que poderia estreitar o vínculo entre os representados (cidadãos) e os representantes (classe política).
Para simplificar, trata-se de um sistema de maioria simples com votos divididos por distritos. Esse sistema funciona a partir do fracionamento do país em unidades distritais, ou seja, espaços territorialmente delimitados. Cada uma destes distritos previamente estabelecidos pode receber a inscrição de apenas um candidato, que o representaria no congresso.
Em um artigo escrito para a Folha de São Paulo em 1994 (mas que ainda é muito atual), Franco Montoro expõe uma realidade:
"(...) Outro inconveniente do sistema atual é o distanciamento entre o deputado e o eleitor. E, o mais grave, sua desvinculação com qualquer região. Eleito por muitas ou por todas as regiões do Estado, o parlamentar não fica vinculado a nenhuma. Como resultado, muitas regiões ficam frequentemente sem representantes, porque nenhum candidato local conseguiu se eleger".
Enquanto o voto distrital não é uma realidade para corrigir essa falha, temos que continuar em "queda de braço" com o sistema.
O leitor do TupãCity gostou de saber que candidatos famosos na cidade, são, na verdade, fantasmas, que nunca conheceram os eleitores ou destinaram recursos para sua cidade. Observando os comentários, vimos que muitos estão mais atentos a este fato. É um bom sinal. Precisamos mudar nosso mindset.
Enquanto eles levam nossos votos, nós ficamos por aqui e sofremos com a falta de uma representação que poderia nos ajudar a resolver tantos problemas crônicos…
Quantas mortes poderiam ter sido evitadas se recursos tivessem sido enviados para implantação de uma passarela no famoso "Trevo do Chaparral"? Em menos de um mês, duas vidas foram ceifadas no MESMO LOCAL. E não iremos nem tocar na questão da saúde, ou este editorial viraria um muro de lamentações.
Salvo as eleições municipais, o eleitor brasileiro pode votar em qualquer candidato do seu estado às câmaras federais e estaduais. É justamente isso que permite a eleição dos "fantasmas", que angariam votos em municípios onde nunca estiveram e desconhecem as necessidades locais.
A preferência do eleitor por candidatos locais, traz muitos benefícios para a sua região. Mas, infelizmente, na maioria das cidades, não há essa preferência. Tupã é exemplo disso.
Em 2018, tiveram mais votos (disparados) os paraquedistas do que os candidatos locais. Não mandaram nenhum recurso. Agora, aos 45 do segundo tempo (para utilizar uma expressão bastante chula), alguns até fazem visitinhas eleitoreiras.
Pela primeira vez em muitos anos, teremos uma dobradinha tupãense nas eleições de 2022. Pessoas que aqui têm família, empreendimentos, mas principalmente: história.
Faça estas perguntas para o candidato em que você pretende votar, principalmente se ele já estiver eleito: 1) Onde esteve nos últimos 3 anos? 2) Como você ajudou a nossa cidade nesses últimos anos? 3) Você colocará seu nome à disposição de Tupã?
E não importa se você ou sua família apoiam visões políticas de centro, de direita ou de esquerda: quando o assunto são deputados estadual e federal, dê preferência aos candidatos que sejam da nossa região, ou melhor ainda, DA NOSSA CIDADE.
Redação TupãCity | Editorial