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Kamila e os pais são moradores de Bauru (SP) — Foto: APAE Bauru/Divulgação
Kamila e os pais são moradores de Bauru (SP) — Foto: APAE Bauru/Divulgação
Kamila Florêncio vivenciou a experiência da chegada aos 15 anos como jamais poderia ter imaginado há um ano. Filha única do casal Tânia Florêncio e Kléber Florêncio, a adolescente perdeu o movimento das pernas e dos braços após um acidente de carro sofrido junto aos pais no dia 8 de dezembro de 2021. Desde então, a recuperação envolveu, não somente a superação das adversidades físicas, mas também emocionais e de aceitação com a nova condição. E no último sábado (22), Kamila deu um novo passo nessa jornada e, com ele, pôde realizar mais um dos seus sonhos. No dia do seu aniversário de 15 anos, a debutante conseguiu, com a ajuda de um aparelho desenvolvido pela APAE de Bauru (SP), dançar a tão tradicional valsa com o pai. Além da emoção e do significado da data, o momento marcou também um verdadeiro avanço no tratamento de Kamila, que nos primeiros meses sofria até mesmo para ficar sentada. "No começo, devido ao longo tempo internada e por ter pressão baixa, logo que sentava passava mal. Quando a colocávamos em pé, então, ela não ficava nem um ou dois minutos", relembra a mãe. A adolescente tem uma tetraplegia incompleta. A situação ocorre quando a medula espinhal é parcialmente lesionada, preservando algumas sensações e movimentos no segmento sacral. Depois do começo difícil, a adaptação de Kamila à nova condição contou com a ajuda da APAE de Bauru, onde ela realiza um tratamento multidisciplinar, com fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. E foi durante uma sessão de fisioterapia na instituição que Kamila realizou o seu maior desejo ao completar os 15 anos: dançar a valsa com o pai. "Logo no início do tratamento, ela compartilhou com os fisioterapeutas o sonho dela. Com isso, convocamos toda a equipe para ajudá-la nessa missão. Todos se mobilizaram e entraram em contato com a Oficina Ortopédica da APAE Bauru para solicitar a confecção do equipamento "Kafo", que permitiria que ela ficasse em pé e dançasse em seu aniversário", revela Roberto Franceschetti Filho, presidente da APAE Bauru. Enquanto o equipamento era produzido, Kamila treinava o controle e fortalecimento do tronco, de membros superiores e o controle da dor no ombro. A entrega do "Kafo", aparelho que auxilia pacientes que não apresentam força de quadríceps suficiente para se manterem em pé, foi realizada no início de setembro, possibilitando que Kamila treinasse a dança até o aniversário em outubro. Embora as dificuldades e intercorrências tenham sido parte do caminho, Kamila conta que nunca deixou de acreditar na possibilidade de tornar este sonho em realidade. "Nunca perdi a fé e o sorriso no rosto. Fui com a ajuda da APAE e da minha família fortalecendo a fé e a esperança de que cada vez mais eu iria melhorar e me fortalecer", conta.
Kamila realiza atendimento periódico na APAE de Bauru — Foto: Arquivo Pessoal
Kamila realiza atendimento periódico na APAE de Bauru — Foto: Arquivo Pessoal
Acidente Tudo começou no dia 8 de dezembro de 2021. Kamila e os pais, moradores de Bauru, estavam indo para o município vizinho de Pederneiras (SP) para assistir uma missa, quando um andarilho entrou na frente do carro e, para não bater, o pai de Kamila desviou e acabou perdendo o controle do veículo, capotando várias vezes. Tânia relembra que Kamila relatou já no momento do acidente a perda dos movimentos. "Ela dizia que não sentia nada do peito para baixo, fomos socorridos e, já nos primeiros exames, foi constatado uma fratura na vértebra C7. Imediatamente ela foi transferida para o hospital, enquanto nós ficamos internados em observação", conta Tânia Florêncio. A partir desse momento a vida da família mudou. Kamila ficou internada na UTI por 38 dias, sendo entubada duas vezes e necessitando de sonda alimentar por 20 dias. A alta só veio no dia 14 de fevereiro, pouco mais de dois meses após o acidente, mas os sacrifícios tornaram-se parte da rotina da família. "Ela desenvolveu algumas infecções, depois, teve duas falhas pulmonares graves, sendo que o pulmão esquerdo fechou mais de 80%, o que demanda cuidados até hoje. Durante todo o tempo de internação, revezamos no hospital e, após a alta, optamos por deixar nossos empregos para cuidar exclusivamente da sua recuperação", explica a mãe de Kamila. O abalo inicial, no entanto, contrasta com o momento de alegria vivido no último sábado. Com uma festa para cerca de 100 pessoas, entre familiares e médicos que ajudam no tratamento, Kamila pode emocionar a todos, em especial o pai. "Fiquei muito emocionado. Apesar do nosso nervosismo, conseguimos entrar e dançar conforme tínhamos planejado e a alegria dela e de todos que estavam na festa não tem o que alegra mais o coração de um pai. Após a valsa, o sentimento foi de gratidão a Deus e Nossa Senhora pela filha maravilhosa que tenho", relata Kléber. O momento da dança foi registrado pelos próprios médicos da APAE de Bauru. Kamila, que visivelmente ficou emocionada, espera que o ato seja uma mensagem para outros adolescentes que passam pela mesma condição. "Nós, jovens, não devemos ter vergonha de mostrar quem nós somos de verdade e devemos entender que nada é no nosso tempo, e sim no tempo de Deus. Ele, sim, sabe de todas as coisas. Para os homens, é impossível, para Deus, tudo é possível, e eu sou a prova", diz Kamila.

G1

Paineira Tupã

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