A Prefeitura de Tupã decretou estado de emergência na última quarta-feira (03/04) devido à estiagem prolongada que assola a região. A medida, oficializada pelo Decreto nº 10.406 assinado pelo prefeito Caio Aoqui, reconhece os impactos da seca extrema nas safras agrícolas.
O decreto aponta que o município enfrenta longos períodos de baixas precipitações e altas temperaturas desde meados de 2023, com agravamento nos últimos meses.
Essa situação crítica comprometeu a produtividade das pastagens e lavouras, principalmente as culturas de soja, milho, cana-de-açúcar, café e amendoim durante a safra 2023/2024. Os produtores já estimam prejuízos entre 40% a 60% devido à seca.
De acordo com o secretário municipal de Agricultura, Anderson Luiz Pereira, o estado de emergência oferece respaldo aos produtores rurais. "Esse respaldo diz respeito à prorrogação de financiamentos, de custeio, investimentos, manutenção de taxa de juros, antecipação de operações de pré-custeio e, principalmente, liberação de recursos privados junto às instituições financeiras. Então, o intuito deste decreto é auxiliar o produtor", afirmou.
Laudo
Um Laudo Técnico emitido pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo comprova a severidade da estiagem e seus impactos negativos na produção agrícola. O documento, anexado ao decreto, serve como base para a oficialização da situação de emergência. Nele, consta uma tabela com estimativa de perdas nas culturas de amendoim, milho e soja em cidades da região:
A CATI também enumera alguns itens como fonte do problema:
- Gangorra térmica: Períodos drásticos e alternados com frequência de quente/frio;
- Regime pluviométrico baixo: Redução nos índices e irregularidade na frequência das chuvas;
- Elevadas temperaturas: Eventos de altas temperaturas e longos períodos;
- Evapotranspiração elevada: Altas temperaturas e baixa umidade relativa;
- Fenômeno El Niño: Alteração do clima em São Paulo;
- Ausência de tecnologias adaptativas: Ausência de uso de tecnologias de convivência com mudanças climáticas pelo setor (práticas de conservação de solo e água).
Prejuízo
De acordo com informações veiculadas na última semana pelo Jornal Diário, nesta safra, devido à irregularidade das chuvas e às ondas de calor de 40 graus, o amendoim não teve um bom desenvolvimento vegetativo. Outro problema causado pelo forte calor foi o surgimento de pragas.
Na região, os produtores estimam que a produtividade média vai ficar em 250 sacas por alqueire, quando o ideal seria 550 sacas por alqueire. Para piorar a situação, o mercado continua com preços baixos, muito aquém do que os produtores esperavam. Atualmente, a saca de 25 quilos do amendoim em Tupã está cotada em R$ 105,00.
A certeza é de que o resultado final da safra de amendoim deste ano será de prejuízo e muitos não conseguirão pagar as dívidas contraídas na compra do adubo e do veneno. O decreto de emergência vigorará por 90 dias.