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Especialistas apontam que a recuperação de mais de 1,7 mil hectares queimados por um incêndio, que teve início no dia 22 de agosto em Pompeia (SP), pode levar até 100 anos.

A área pertence a três fazendas localizadas entre a cidade e o distrito de Paulópolis, e abrange reservas de mata, áreas de pastagem e cercas.

O zootecnista Mário Basto é gestor de uma dessas áreas. Ele explicou, em entrevista ao g1, que as chamas já foram basicamente extintas e que sobraram apenas brasas em troncos de árvores e regiões de mata muito densas e de difícil acesso.

“Foi um maciço florestal muito grande e importante aqui para a região. Vemos encostas que estão completamente cinzas, áreas densas de florestas totalmente devastadas. A recuperação é lenta; em uma devastação desse tipo, esperamos cerca de 100 anos para uma recuperação parcial”, explica o gestor.

A área havia sido alvo de um incêndio igualmente de grandes proporções em 1963 e, segundo Mário, continuava em recuperação.

“Essa área estava em recuperação até hoje. São 60 anos, e ainda não havia atingido um clímax de grande porte; a região estava em um estágio secundário de desenvolvimento”, conta.

Combate às chamas

Os focos de incêndio tiveram início na tarde do dia 22 de agosto. O vento e a seca fizeram com que o fogo se espalhasse em três direções, atingindo três fazendas diferentes: Água do Cedro, Guaiuvira e Guaritá.

No dia 24, um princípio de chuva amenizou a situação; no entanto, a área voltou a queimar no dia seguinte. A partir daí, foram 15 dias seguidos, com, nos dias mais críticos, aproximadamente 100 pessoas atuando no combate.

Mário explica que o fogo em matas densas é muito difícil de combater devido ao terreno acidentado e que há áreas que não podiam ser acessadas, uma vez que os equipamentos de combate são desenvolvidos para incêndios urbanos, e não rurais.

“Muito do equipamento anti-incêndio urbano é ineficiente aqui. O que nos ajudou bastante foram os equipamentos que os próprios proprietários e vizinhos trouxeram para a região para combater essas chamas. O helicóptero também foi muito importante nesse combate”, explica.

 

Recuperação de fauna e flora

O incêndio foi prejudicial não só para as regiões de mata, mas também para os animais que viviam nelas. Mário Bastos conta que há uma tendência de os animais migrarem daquela região para outras, o que é prejudicial para a própria restauração da mata.

Uma das principais ações das fazendas atingidas é “cuidar” desses animais para que permaneçam no local.

“Estamos usando todas as informações que temos para recuperar essa fauna e flora. Uma das ações é alimentar os animais para tentar mantê-los nesses maciços que sobraram, evitando um êxodo para outras regiões”, explica o zootecnista.

Além disso, as fazendas estão trabalhando com viveiros de mudas, que serão plantadas, e com técnicas experimentais de reflorestamento.

“Estamos, aos poucos, descobrindo as dificuldades e enfrentando-as. Precisamos reaprender a cuidar dessa área; portanto, avaliamos e colocamos em prática qualquer ideia que surja, mesmo que ainda não testada. Está sendo uma grande experiência."

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