Entre janeiro e novembro deste ano, 120 pessoas desapareceram no oeste paulista - em média, uma ocorrência dessa natureza é registrada a cada três dias.
Embora cada caso tenha suas particularidades, a Polícia Civil afirma que boa parte das ocorrências envolve situações que começam dentro da própria casa.
O delegado Claudinei Alves, da 3ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Homicídios, com sede em Presidente Prudente (SP), explica que conflitos e desentendimentos familiares aparecem com frequência entre os fatores que motivam esses registros.
"O carro-chefe é o problema familiar, um desacerto, um desajuste, uma briga, uma discussão. Às vezes a pessoa sai para dar uma refrescada na cabeça, igual alguns casos ocorreram. Filhos que brigam com os pais, não aceitam algum limite ou alguma coisa parecida com isso também", conta.
Nesses cenários, segundo o delegado, podem surgir desdobramentos criminais, como registros de agressão entre pais e filhos.
Dezenas de casos na região
Na área do Departamento de Polícia Judiciária do Interior – 8 (Deinter 8), as apurações ficam a cargo da 3ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Homicídios, vinculada à Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic).
Conforme dados fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), em 2023 a região registrou 137 boletins de ocorrência por desaparecimento. Em 2024, foram 113. Já entre janeiro e novembro deste ano, 120.
No mesmo período, foram registrados 450 boletins de encontro de pessoas — 124 envolvendo mulheres e 266 homens. A maior parte dos casos corresponde a adultos entre 18 e 59 anos, seguida por menores e idosos com 60 anos ou mais, segundo a SSP.
Como funciona a investigação
Alves explica que, sempre que uma pessoa é dada como desaparecida, a Polícia Civil abre imediatamente um procedimento interno de investigação, o PID. Esse trabalho reúne uma série de verificações iniciais para tentar localizar rapidamente quem sumiu.
"Nesse PID, a gente desenvolve as verificações e tenta localizar a pessoa da maneira que é possível de imediato. Tanto de forma imediata como de forma mediata também", completa.
Ele afirma que uma portaria interna orienta o passo a passo das equipes, permitindo que as checagens comecem logo após o registro da ocorrência.
O trabalho depende de uma rotina de diligências técnicas. "A investigação se baseia exatamente nisso. Uma rotina, um levantamento de dados, pesquisas, verificação de telefones", descreve.
A legislação possibilita à polícia acessar informações relevantes, conforme particularidades do caso. "A gente consegue ter uma informação maior em busca de dados, que, por exemplo, ela pode ter feito uso de algum sistema de locomoção, como o Uber ou algum outro sistema", continua.
Antes mesmo da abertura formal do boletim, é necessário confirmar que a pessoa realmente está desaparecida. "Porque às vezes se faz meramente uma comunicação e acaba não efetuando uma pesquisa, uma análise para realmente saber se a pessoa desapareceu ou não."