Referência em maternidade, o Hospital São Francisco não oferece há cerca de quatro meses atendimentos às gestantes com cardiotocos. O equipamento instalado no abdome das gestantes, acompanha o bem estar fetal e fornece dados da saúde do bebê ao médico obstetra.
Vale lembrar que o hospital encerrará seus atendimentos no dia 7 de dezembro, que será assumido pela Santa Casa, conforme negociações que ainda estão sendo travadas de forma sigilosa. Diversas gestantes, porém, recebem atendimentos no hospital e reivindicam esses atendimentos.
Gracieli Bernardes Christo, de 31 anos, está em sua 38ª semana de gestação. A mãe disse que está assustada com a situação dos atendimentos prestados pelos hospitais de Tupã. "Meu medo é que muitas mães percam seus filhos por negligência médica. Falta atendimento, exames e monitoramentos", salientou. "Antigamente, não tinha essa de que tudo é normal. Se um bebê, a partir de 37 semanas, já não é pre-maturo e pode nascer, por que esperar tanto, até 42 semanas sem monitoramento? Cada gestação é um caso. Mas, a partir das 40 semanas, as mãezinhas precisam muito desse aparelho para monitorar seus bebês e ver se está tudo bem", acrescentou.
A gestante destacou que muitas mães perderam seus bebês por eles terem entrado em sofrimento fetal durante a gravidez. "Isso poderia ter sido evitado. É muito descaso", afirmou.
Graciele destacou que o bebê de uma amiga entrou em sofrimento fetal pela falta do acompanhamento feito pelo cardiotoco. "Só não aconteceu nada com ele, porque Deus iluminou o médico a tempo e correu para cesária. Nem todas têm essa sorte. É muito descaso com as gestantes", acentuou.
Graciele disse que ficou sabendo do caso de uma mãe em Tupã que perdeu sua bebê na 42ª semana de gestação. "Quando ela foi operar, a bebê já estava morta", lamentou. "Essa é a realidade da nossa maternidade e dos nossos hospitais. Muita coisa passa sem ser vista", completou.
A gestante não deixou de criticar a classe política que, segundo ela, está dando vergonha. "Eles só sabem tirar fotos e entrar de ‘bicão’ quando tem passeatas e coisas tipo o ‘caso Débora’ e a ‘passeata para Jesus’. Eles entram no meio, tiram fotos, dão parabéns, mas não fazem nada. É muito triste ver tantas pessoas sofrendo", ressaltou.
Segundo Graciele, enquanto o Brasil tiver a visão de "priorizar coisas fúteis", a carência social irá continuar. "Somos muitos carentes. Mas para ‘festar’ aparece dinheiro e recurso brotando", observou.
Outro lado
A reportagem encaminhou dois e-mails à diretoria do Hospital São Francisco, nos dias 28 de setembro e 6 de novembro, mas não obteve respostas aos questionamentos. A administração teve conhecimento dos e-mails encaminhados, mas disse que ainda não teve tempo de respondê-los.
A diretoria acredita, porém, que o problema da falta dos cardiotocos seja resolvido, assim que a Santa Casa assumir a administração da entidade.
Taxa de mortalidade perinatal
A taxa de mortalidade perinatal por cada mil bebês nascidos vivos em Tupã aumentou cerca de 74% entre os anos de 2013 e 2014, que passou de 10,22 para 17,74, segundo dados apurados e divulgados pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).
É a relação entre a soma dos óbitos fetais tardios (nascidos mortos) e dos óbitos de 0 a 6 dias, ocorridos e registrados em um ano e a soma dos nascidos vivos com os nascidos mortos no mesmo período e localidade.
A maior variabilidade nas taxas, em alguns municípios, pode decorrer do número reduzido de nascidos vivos e óbitos fetais (a partir de 22 semanas completas de gestação ou 154 dias) acrescido dos óbitos de crianças de 0 a 6 dias de vida completos (mortalidade neonatal precoce), ocorrido em cada ano considerado.
Mortalidade neonatal precoce
Já a taxa de mortalidade neonatal precoce por cada mil bebês nascidos vivos teve um aumento de cerca de 102% em Tupã, entre os anos de 2014 e 2015, que passaram de 3,86 para 7,78 mortes, segundo os dados da Fundação Seade.
A taxa de mortalidade neonatal precoce calcula a relação entre os óbitos infantis da primeira semana de vida, ou seja, de 0 a 6 dias, ocorridos e registrados em um ano e os nascidos vivos no mesmo período e localidade.
A maior variabilidade nas taxas, em alguns municípios, pode decorrer do número reduzido de nascidos vivos e óbitos de crianças de 0 a 6 dias de vida completos, ocorrido em cada ano considerado.
Taxa de mortalidade pós neonatal
Já a taxa de mortalidade pós neonatal e neonatal tardia por cada mil bebês nascidos vivos reduziu cerca de 50% no período analisado. No ano de 2014, a taxa, nos dois casos, era de 2,57 e no de 2015, passou para 1,3.
O período entre os óbitos infantis do período pós neonatal representa o de bebês de 28 a 364 dias de vida completos, ocorridos e registrados em um ano e os nascidos vivos no mesmo período e localidade. A maior variabilidade nas taxas, em alguns municípios, pode decorrer do número reduzido de nascidos vivos e óbitos de crianças de 28 a 364 dias de vida completos, ocorrido em cada ano considerado.
O período neonatal tardio é o de 7 a 27 dias, com as mortes ocorridas e registradas numa determinada unidade geográfica e período de tempo e os nascidos vivos no mesmo período e localidade. A maior variabilidade nas taxas, em alguns municípios, pode decorrer do número reduzido de nascidos vivos e óbitos de crianças de 7 a 27 dias de vida completos, ocorrido em cada ano considerado.
Taxa de mortalidade materna
A taxa de mortalidade materna em Tupã foi de 257,07 mortes por cada 100 mil partos ocorridos no ano de 2014, segundo os dados estatísticos.
A mortalidade materna ocorre nos óbitos por complicações da gravidez, do parto e do puerpério ou devido a doenças pré-existentes agravadas pelo estado de gravidez de mulheres residentes em uma determinada unidade geográfica, ocorridos num determinado período de tempo, e os nascidos vivos na mesma unidade e período.
A maior variabilidade nas taxas, em alguns municípios, pode decorrer do número reduzido de óbitos de mulheres por complicações na gravidez, parto e puerpério, ocorrido em cada ano considerado.
Redação Diário de Tupã