ILUMINAÇÃO LED – PM TUPÃ

O caso polêmico ocorrido na cidade de Iacri, no último dia 20 de janeiro, um sábado, quando um homem morreu após ser baleado por um policial, gerou diversas especulações e até mesmo confrontos nas redes sociais. O assunto gerou grande repercussão porque envolveu um policial de Tupã, na morte de um indivíduo. Antes dos disparos, o homem havia dado golpes de faca no PM, que não morreu por sorte e pelo atendimento médico eficaz. De acordo com a Polícia Militar, ao chegarem no local os policiais tentaram negociar para amenizar a situação. O autor avançou contra o policial com uma faca. Um dos golpes atingiu o rosto e outro a costela do PM. Após o ataque, o policial e o motorista da viatura efetuaram disparos contra o homem. O policial e o suspeito foram levados até a Santa Casa de Tupã. O homem não resistiu e morreu no hospital. Já o PM, sobreviveu. Frente à polêmica e os comentários, o policial esfaqueado, o subtenente Éder divulgou uma carta aberta à população, onde explica o que de fato ocorreu naquele dia e sua posição como policial. Leia na íntegra: "Carta aberta a população. Tupã, 28 de janeiro de 2018 Mediante a ocorrência policial, sábado, 20 de janeiro, eu subtenente PM Éder, decidi prestar esclarecimentos a todos sobre o fato. Sou um policial com 28 anos de serviços prestados aos cidadãos. Em todo esse tempo, tive a honra de trabalhar por dez anos, na patente de sargento, na ROTA (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), célebre batalhão da elite das forças de segurança do Estado de São Paulo. Naquele lugar, adquiri experiência, e absorvi as técnicas e habilidades necessárias a um policial que lida com todo o tipo de intempérie. Em minha vida de policial, participei de inúmeras ações e vivenciei praticamente toda espécie de ocorrência, desde a sequestros com desfechos trágicos a desarmamento de indivíduo com faca. Mas dia 20 de janeiro de 2018 foi o dia que poderia ter sido o último para mim. Tentarei relatar da melhor forma possível. Desde o dia 18 de janeiro, registravam-se diversas chamadas 190 (Copom), que um indivíduo na cidade de Iacri/SP estava ameaçando familiares, que coabitam na mesma residência. Eram aproximadamente três irmãos apavorados, que foram desalojados, forçados a se retirar da própria residência pelo medo de serem mortos por uma pessoa descontrolada, num ataque de fúria. No entanto, viaturas foram até o local, por diversas vezes, e após diálogo a situação aparentemente se normalizava. No dia 20, coincidiu no meu turno de serviço receber, via rádio, que o mesmo indivíduo estava mais uma vez apavorando familiares e circunvizinhos, em posse de uma faca. Tendo em vista a gravidade da situação, policiais de Iacri solicitaram apoio aos policiais de Bastos. Infelizmente, o cidadão mostrava-se totalmente fora de si, e não houve sucesso nas tentativas de negociação. Foi necessária mais uma viatura. Eu e o soldado Allan deslocamo-nos até Iacri, em apoio aos cabos Cortez, Morini, Edson, Luiz Carlos e Machado. Ao chegar lá, deparamo-nos com uma situação totalmente descontrolada. A população estava apreensiva e amedrontada. Familiares em estado de choque e transtornados. E o pior é que percebi que todos os recursos convencionais para este tipo de ocorrência já haviam se esgotado. Não havia mais diálogo. O agressor estava em posse de uma faca e poderia, a qualquer momento, investir contra inocentes, crianças, familiares e policiais. Era preciso agir. Cumpre esclarecer que ocorrências com agressor armado com faca são uma das mais difíceis. Em minha vida de policial já atendi diversos casos, em Tupã e região, e posso garantir que o caso não é tão simples como muitos leigos imaginam que é. Em todos os casos com faca, conseguimos desarmá-los, sem que houvesse óbito. Nunca me sai da memória, por exemplo, um vídeo disponível no youtube, de um lunático que apunhalou uma guarnição de policiais, em 2006, na Guatemala. O vídeo gravado supostamente por um cinegrafista amador mostra um louco que investe deliberadamente contra policiais, que atiraram na tentativa de pará-lo. São mais de três minutos de horror. O agressor consegue apunhalar 4 policiais e só para depois de receber dezenas de disparos de arma de fogo. Toda ocorrência envolvendo agressor com facas faz com que aquela cena se repita em minha cabeça, como um filme. Sempre tive a sã consciência de que este tipo de acontecimento não é uma possibilidade remota, mas que pode advir em qualquer situação ou circunstância. Ao me aproximar, a uma distância de 5 metros do indivíduo, foi possível entender melhor a gravidade da situação. Tratava-se de um jovem forte, fisicamente saudável e bem disposto, totalmente ensandecido. Ele portava uma faca e a segurava firme na mão direita. Estava irredutível e decidido a matar e a morrer. A única e mínima garantia de paz e segurança naquele momento, era a nossa presença. Pedi-lhe várias vezes que se entregasse, atirasse a faca ao chão e se rendesse. Numa última tentativa, ele disse que se entregaria com a condição de que eu abaixasse a submetralhadora .40. Prontamente atendi ao seu pedido, entregando a arma ao soldado Allan e o indivíduo, num gesto de rendição, atirou a faca à rua. Vozes de comando como "deite-se", "mãos pra cabeça", "vire de costas" "levante a camisa" não eram atendidas, porque ele estava transtornado e as poucas palavras que ele proferia eram ininteligíveis. A saída era me aproximar e tentar algemá-lo. De repente, quando menos se esperava, ele sacou uma segunda faca que estava em sua cintura e investiu contra mim. O primeiro golpe atingiu meu rosto, de raspão. Consegui me desvencilhar e sacar a pistola .40 e efetuei dois disparos, que não foram suficientes para que o agressor cessasse sua investida. Seu segundo golpe conseguiu atingir-me na altura da região lombar. Por sorte, o soldado Allan efetuou um disparo que o atingiu na região do tronco. Tomado de uma força descomunal, o agressor virou-se e investiu contra o soldado Allan, na tentativa de também apunhalá-lo. Por sorte, foi atingido por um disparo na perna e, desta forma, foi neutralizado. Há quem diga que o policial deveria atirar nas mãos, nos pés, ou em uma das pernas. Eu digo que numa ocorrência de estresse e nervosismo profundo, numa fração de segundos o auge da tensão leva qualquer pessoa a agir pelo impulso do ato. É o matar ou morrer. O trauma de ter um desfecho triste poderia ter sido menor. Notei um desconforto nas costas e logo notei que das minhas costas jorrava sangue. Dei ordem aos policiais que chamassem imediatamente uma viatura do resgate, do Corpo de Bombeiros, para socorrer o indivíduo alvejado e segui direto à Santa Casa de Misericórdia de Tupã, a 25 km de Iacri. É de ressaltar que fui muito bem atendido por enfermeiras(os) e pela equipe médica, os doutores Ademir Zoratto (CRM 170793), Bruno de Lima Oliveira (CRM 155358), Vagner Moreno Júnior (CRM 147097) e Douglas Batista da Silva (CRM 72297). Os primeiros diagnósticos indicavam que nenhum órgão vital havia sido atingido. Nesse caso, era apenas uma sutura. Fui suturado duas vezes. Mas o inchaço e o sangramento não cessavam. Os doutores Paulo Tadeu Rotoli Drefahl (CRM 7352), Wilian Bras Pedro (CRM 155882) e Ana Keila (CRM 96333) decidiram por uma intervenção cirúrgica, visto que se tratava de uma hemorragia interna. Às pressas fui operado. Devo confessar. Nenhum repórter tomou ciência do que veio a ocorrer comigo durante o procedimento cirúrgico. Devido à perda de sangue, minha pressão arterial chegou a 4 por 2. Apesar dos 15°C, eu suava e tinha calafrios. Como num sonho dantesco, gratuito, eu, em um último esforço vital, imaginei que, naquele instante, eu estava partindo, indo embora. Uma manobra médica que não sei explicar me trouxe de volta à vida. Graças a Deus e àqueles anjos azuis, todos de folga enviados pelo nosso protetor divino, médicos e enfermeiras, consegui vencer um momento tão delicado e especial. Momentos assim levam-nos a uma reflexão profunda do que é a vida e de tão pequenos que somos diante das coisas criadas por Deus. Eu não desejo outra coisa senão o sucesso e a felicidade a todas as pessoas que são corretas e merecem a paz. Tudo que penso, imagino, sonho e tento aplicar a cada dia de minha vida é a justiça, a paz e a honestidade. Valores que aprendi desde criança com meus pais, avós e, posteriormente, com a Polícia Militar. Neste momento de convalescença, deixo um esclarecimento e uma nota de fé. A polícia não existe para matar. Ela existe para salvar e proteger pessoas de bem. Infelizmente, a ocorrência teve um desfecho jamais imaginado e desejado por qualquer pessoa, muito menos por essa equipe que eu estava comandando e conheço há anos. Deus quis assim. Peço proteção divina a todos os policiais envolvidos, à família que sofre a dor da perda de um ente. Agradeço a todos que me entendem e entendo as pessoas que me julgam. Ninguém é perfeito, mas podemos ser justos. Que Deus esteja conosco! Subtenente Éder"

Redação Diário de Tupã

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