Vice-prefeito Thiago rompe com Gaspar e fala da suposta renúncia do prefeito
15/12/2015 Na carta o vice-prefeito deixa claro que foi contra a decisão do chefe do executivo, que teria alegado problemas de saúde como motivo para sua saída.
O vice-prefeito Thiago Santos entregou ao prefeito Manoel Gaspar no final da manhã desta segunda-feira (14) uma carta oficializando seu rompimento com a atual governo. No documento, que também foi protocolado na Câmara Municipal e divulgado à imprensa, Thiago apresenta sua versão sobre os boatos acerca da suposta renúncia do prefeito Manoel Gaspar, que movimentou os bastidores políticos na semana passada.
Na carta, Thiago afirma que foi procurado pelo prefeito Gaspar que iria mesmo renunciar ao cargo. Na carta o vice-prefeito deixa claro que foi contra a decisão do chefe do executivo, que alegou problemas de saúde como motivo para sua renúncia.
Apesar de não fazer mais parte do governo atual, deixando de participar das decisões administrativas, Thiago Santos mantém o cargo de vice-prefeito, podendo assumir a prefeitura em caso de licença ou ausência do prefeito Manoel Gaspar.
Leia a seguir, a íntegra da carta.
"Tupã-SP, 14 de dezembro de 2015
Excelentíssimo prefeito e estimada População de Tupã-SP:
Venho por meio desta carta, informar ao senhor prefeito e, ao mesmo tempo, esclarecer à população tupãense, os motivos pelos quais, politicamente, não faço mais parte de sua equipe administrativa do Poder Executivo local, pois segundo disse recentemente o vice-presidente Michel Temer "Verba Volant, Seripta Menent", isto é "As Palavras Voam, Os Escritos Permanecem", pois os acontecimentos ocorridos nos últimos dias no tocante ao assunto "Renúncia do Prefeito" foi, com certeza, a "gota d´água" para este meu desabafo público e, consequentemente, o meu afastamento político, este sim em caráter irretratável, da sua equipe de governo.
Para tanto, passo a esclarecer, de forma sucinta, a verdade sobre tudo o que efetivamente ocorreu: nesta última terça-feira, dia 08 de dezembro de 2015, recebi uma ligação em meu celular onde o prefeito Manoel Gaspar queria, urgentemente, falar comigo. Disse a ele para nos encontrarmos em minha empresa. Poucos minutos depois, lá estava ele acompanhado da sua esposa, Isaura Gaspar. Entramos na sala de reunião acompanhados de meu pai, Ivan, o qual por motivos pessoais e familiares fez questão que acompanhasse essa nossa conversa.
Na ocasião, o prefeito revelou que não aguentava mais governar o Município de Tupã, que estava muito doente e que, em razão disso, iria renunciar no dia seguinte, às 09:00 horas da manhã, logo após uma reunião, aonde iria de forma oficial anunciar essa decisão aos secretários municipais, protocolando logo em seguida o pedido de renúncia na secretaria do Legislativo local.
Eu e meu pai, espantados e incrédulos, ainda dissemos ao prefeito para ele continuar no cargo, aconselhando-o a não renunciar. Mas o prefeito Manoel Gaspar foi insistente e firme ao reafirmar que "dessa vez não tinha mais volta", vez que já tínhamos conversado sobre esse assunto em, ao menos, outras três ocasiões no passado, sempre mantive minha postura institucional de apoio a sua permanência, mas dessa vez, os inúmeros motivos de saúde a nós revelado em parceria com a irritante insatisfação com o que o prefeito denominou de "ingratidão de aliados políticos", fez com que eu tivesse a certeza que, dessa vez, o prefeito estava realmente decidido, pois durante toda a reunião agiu com uma firmeza de propósito jamais vista por mim, o que fez, eu e meu pai, acreditarmos em suas palavras, as quais foram finalizadas com as seguintes palavras da primeira-dama: "Prefiro meu marido em casa vivo do que ele na prefeitura doente".
Diante de argumentos tão sólidos, pela primeira vez não tive argumentos para declinar tal pedido, mesmo com grande preocupação pela grande crise enfrentada pelo país e pelo nosso Município, tive a nítida certeza de que se fosse para o prefeito adoecer na prefeitura, sua família e seus amigos dessa vez realmente iriam preferir a sua renúncia.
Novamente, eu e meu pai, insistimos para o prefeito não renunciar, mas ele e a sua esposa revelaram que dessa vez já haviam falado com a família e que tudo já estava decido e certo. Portanto, não me furtaria do compromisso assumido com o povo, mesmo com tamanhos obstáculos, tenho um dever constitucional a ser honrado.
Na saída da reunião, o prefeito e a sua esposa fizeram questão de, na frente do meu pai, me abraçar e conceder verbalmente a seguinte frase: "Parabéns Você é o Novo Prefeito de Tupã". Ato contínuo, disseram ainda que estavam naquele momento, ou seja, no final da tarde da última terça-feira, indo na sede da Unipetro, conversar com dois vereadores da base política aliada e que a decisão da renúncia era irredutível, me pedindo apenas para que eu desse um tempo para que a Secretária de Relações Institucionais, Thalita Dallacosta, pudesse arrumar uma alternativa, já que eu havia afirmado na reunião que somente aceitaria ser prefeito, caso todos os secretários fossem exonerados e, a partir daí, eu iria montar meu governo com as pessoas da minha confiança, oportunidade em que havia exposto ao prefeito que a Sra. Thalita não seria por mim renomeada ao cargo, ao contrário de alguns outros poucos secretários que, porventura, poderiam sim continuar a governar comigo e com minha nova equipe.
Entretanto, vacinado e escaldado com essa conversa de renúncia, fiquei com um "pé atrás". Porém, o respeito a uma decisão tão ímpar, difícil e corajosa, desta vez parecia que iria acontecer. Liguei para alguns amigos de minha confiança para conversar e pedir a eles sugestões sobre o que deveria fazer em tal momento. E todos disseram para eu verificar o real estado financeiro, administrativo e político da Prefeitura. Todos disseram que estariam comigo qual fosse a minha decisão.
Ao chegar na minha casa, recebo uma ligação do vereador pastor Rudiney, líder do governo na Câmara, dizendo que queria conversar comigo. Pedi então para ele ir até a minha casa. Chegando lá, ele disse que iria abandonar a liderança do governo, pois o prefeito iria mesmo renunciar. Disse então para ele se acalmar e ele disse que acabou de sair de uma reunião na Unipetro e que estava certo que não tinha mais nenhuma volta essa decisão do prefeito em renunciar.
O pastor ainda me disse que como ele foi escolhido pelo prefeito para ser líder, achava justo e ético pedir também a renúncia do cargo de líder, mas que estaria à disposição minha, caso eu quisesse nomeá-lo novamente na liderança do Executivo na Câmara, mais uma vez demonstrei resignação à decisão do senhor prefeito e que o correto seria sua permanência, mas como líder, já tinha elementos suficientes para já apostar em um novo governo.
Após essa conversa, verifiquei haver uma ligação em meu celular de um influente secretário municipal. Quando retornei a ligação, o mesmo também me concedeu parabéns e disse que o prefeito tinha acabado de ligar para ele, comunicando que protocolaria sua renúncia no outro dia cedo na Câmara. Disse a ele muito obrigado e logo em seguida, terminamos a conversa. Liguei para o prefeito e ele me disse que estava tudo certo e que alguns secretários estavam na casa dele, junto com alguns membros de sua família e que até aquele momento estava tudo conforme sua decisão.
Tal notícia de eu assumir a prefeitura de forma tão repentina e inesperada, mexeu internamente comigo, com minha família e com a vida também dos meus amigos e meus aliados políticos, já que eu teria em mãos a oportunidade de resolver os problemas da população e melhorar a vida da cidade que tanto amo.
Mas no dia seguinte...tudo era diferente. Após uma vasta pressão de alguns de seus líderes políticos e membros de sua família, a notícia da renúncia era mentira e, pasmem, tiveram a ousadia de argumentar que tudo foi inventado pelo grupo político de Thiago Santos. Isso tanto foi verdade que, no outro dia, uma matéria oficial da Municipalidade publicada no jornal Diário, dizia, para meu espanto e desapontamento, que foi eu que tinha inventado a suposta ideia da renúncia, que a ideia teria partido de mim.
Quero deixar bem claro à população de Tupã que, em nenhum momento minha postura foi de não apoio à permanência do nobre prefeito, me coloquei a disposição quando seus argumentos transcendiam a relação de trabalho e partiu para o cunho humanitário, verdade, foi o senhor prefeito que me pediu para que eu assumisse, pois me revelou ainda que não confiava politicamente no Presidente da Câmara Municipal de Tupã, o vereador Valter Moreno Panhossi, em razão de ser um ferrenho e intransigente político oposicionista, motivo pelo qual me solicitava continuar à frente do comando da administração municipal.
Portanto, esclareço novamente que nunca pedi para o prefeito renunciar. Muito pelo contrário. Além disso, o marketing da Prefeitura vir a público dizer que a renúncia era boato, sugestionando ser algo inventado por mim ou pelo grupo que faço parte, isto foi sim o estopim para comprovar grandes divergências, falta de ética, companheirismo e a certeza de não reconhecer o governo que iniciamos como o algo capaz de uma transformação social, política e desenvolvimentista. Acho que realmente o governo do atual prefeito não conversa com a sociedade, com as divergências e com as pessoas que não aceitam o revés como algo do cotidiano. E vou mais além, sempre respeitei a hierarquia e suas decisões administrativas, mesmo pensando de forma contrária.
Entendo que é o prefeito quem decide, tem a palavra final. Mas dessa vez não só brincou comigo, com minha família e meus militantes políticos, mas principalmente com a população tupãense e, por consequência, com todos aqueles que amam a nossa cidade.
Eu também quero comunicar a toda à população de Tupã que estou pronto para, se preciso for, exercer com dignidade, honradez, presteza e respeito ao dinheiro público, qualquer ato institucional que se relacionar, doravante, com o meu cargo de vice-prefeito. Desejo toda sorte ao senhor prefeito nesta árdua tarefa, que seus atos sejam guiados pelos preceitos de Deus!
Atenciosamente,
Thiago Santos Alves de Sousa
Vice-Prefeito do Município de Tupã-SP"