A falta de oportunidades no mercado de trabalho formal fez aumentar a informalidade e, com isso, cresceu o número de catadores de lixo reciclável pelas ruas da cidade.
O secretário Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Anderson Luís Pereira, acredita que essa atividade tenha aumentado cerca de 35% em apenas um ano. "O pessoal está procurando muito esse tipo de trabalho. Em alguns casos, esses catadores começam o seu trabalho antes do início do recolhimento feito pelo projeto ‘Reciclar’", afirmou.
O problema é que muitos desses materiais recolhidos são armazenados irregularmente na residência dos próprios catadores de lixo, gerando incômodo aos vizinhos. As reclamações são referentes ao surgimento de ratos, baratas, escorpiões e focos de proliferação do mosquito "Aedes aegypti".
Anderson Pereira destacou que a pasta efetua trabalho de conscientização a esses catadores de lixo, para evitar novos casos de dengue e leishmaniose, por exemplo. "O problema é ainda maior nesse período de chuvas, pois esse lixo acumulado pode fazer aumentar os focos de proliferação do mosquito da dengue", ressaltou.
As denúncias e reclamações feitas por moradores são encaminhadas à Vigilância Sanitária, que vai ao local indicado analisar as condições em que os materiais estão sendo armazenados.
O secretário explicou que a Vigilância Sanitária orienta o catador em relação ao surgimento de doenças e, se necessário, solicita a retirada dos materiais do imóvel. "Quando a pessoa não atende a notificação, a Vigiância Sanitária entra com ação na justiça e, mediante mandado judicial, solicita que a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente remova os materiais localizados no imóvel", salientou.
Cooperativa
Por lei, os materiais recicláveis deveriam ser destinados apenas às cooperativas que prestam esse tipo de serviço.
O presidente da Coretup (Cooperativa dos Recicladores de Tupã), Rafael Oliveira, disse que os trabalhos da cooperativa são prejudicados com o aumento do número de catadores. "O salário que pagávamos a nossos funcionários caiu de R$ 980,00 para R$ 510,00", afirmou Oliveira, ao destacar a queda de quase 50% no rendimento financeiro dos cooperados.
O presidente destacou que esses catadores recolhem materiais de melhor qualidade, como pets e papelão, por exemplo, deixando para a cooperativa materiais "de segunda qualidade", como sacolas e papel branco. "Esses materiais de ‘segunda’ não têm muita procura, o que nos prejudica financeiramente", ressaltou.
Além de prejudicar os trabalhos da cooperativa, Oliveira disse que, na maioria dos casos, esses catadores armazenam irregularmente os materiais. "Eles são praticamente ‘clandestinos’. Esses materiais são passados diretamente para os ‘atravessadores’. Por lei, eles são impedidos de repassar esses materiais, mas é algo quase impossível de ser controlado", salientou. "Algo tem que ser feito para resolver essa situação, caso contrário de nada adianta o nosso trabalho. Melhor, então, vamos recolher os materiais por conta própria", acrescentou.
Cabe ressaltar que, além da disputa pelo lixo reciclável que reduziu seu rendimento financeiro, a cooperativa também sofre com a falta de conscientização por parte da população. Muitos ainda misturam lixo orgânico, roupas, sofás, entre outros produtos irregulares junto ao lixo reciclável, o que dificulta a triagem desses materiais.
É importante ainda destacar que todo material reciclável deve ser limpo, antes de ser colocado para recolhimento. Assim, embalagens de marmitex, por exemplo, devem ter os resíduos de alimentos retirados.
Redação Diário de Tupã