Denúncia sobre compra de pares de calçados acaba em confusão
29/01/2016
Vereadores Luís Alves e Ricardo Raymundo trocaram ofensas com prefeito Manoel Gaspar
A pouco mais de 9 meses das eleições municipais, as divergências políticas começam a aflorar com maior ímpeto, muitas vezes sobrepondo os limites do bom senso e dos bons costumes. Foi o que várias pessoas puderam testemunhar na manhã desta quinta-feira (28), na Secretaria Municipal de Educação. Alegando ter recebido denúncias sobre supostas irregularidades na compra de 4.070 kits de calçados (compostos por tênis e sandálias estilo papete) que serão distribuídos aos alunos da rede municipal, os vereadores Luis Alves e Ricardo Raymundo, acompanhados de uma equipe de reportagem da TV Câmara, foram até a Secretaria Municipal de Educação nesta quarta-feira para comprovar a informação de que a prefeitura não teria recebido os kits pagos no final do ano passado. A secretária municipal de Educação, Luciana Leal recebeu os vereadores e permitiu que eles pudessem comprovar que os kits haviam sido devidamente entregues e que estavam sendo separados para serem distribuídos entres as unidades da rede municipal de ensino. No dia seguinte, os mesmo vereadores que alegaram terem recebido outra denúncia, desta vez sobre a quantidade de kits entregues, que seria bem menor em relação à quantidade efetivamente paga, os dois vereadores, novamente acompanhados da TV Câmara, voltaram à Secretaria Municipal de Educação nesta quinta-feira (28) para contar a quantidade de kits que haviam no local. A exemplo do dia anterior, a Secretaria da Educação autorizou os vereadores a realizarem a contagem dos mais de 8 mil pares adquiridos pela prefeitura. Durante a "auditoria" os vereadores foram interpelados pelo prefeito Manoel Gaspar, que refutou veementemente qualquer irregularidade. O que se seguiu foi uma lamentável discussão e troca de ofensas entre os parlamentares e o chefe do Executivo tupãense. Durante a confusão Luis Alves chegou a afrontar Gaspar fisicamente e ambos quase se agrediram fisicamente. Quando os ânimos se acalmaram os vereadores retomaram a auditoria, que também foi acompanhada por outros vereadores. Antes do término da contagem os vereadores constataram que a denúncia sobre a quantidade de kits entregues era infundada e deixaram o local. A contagem dos calçados, que foi finalizada pela assessoria dos parlamentares, acompanhada da equipe da Secretaria de Educação e do líder do prefeito na Câmara, vereador Rudynei Monteiro, constatou a ausência de cerca de apenas 160 pares entre 8.140 pares adquiridos, o que em tese não poderia ser considerado fraude ou golpe. A Secretaria da Educação admitiu que a diferença pode ter sido resultado de erro na contagem, já que uma parte dos kits já estava sendo entregues e algumas escolas municipais. Para sanar qualquer dúvida e esclarecer qualquer suspeita a Secretaria de Educação deve providenciar a recontagem dos kits. VEREADORES De acordo com o vereador Luís Alves, os vereadores receberam algumas denúncias e por isso foram até o local verificar. "Nós recebemos algumas denúncias de 8.140 pares de calçados, tênis e papetes, foi comprado com preço mais caro do que o de mercado, então nós estamos investigando isso. A segunda denúncia, tanto pra mim quanto para o vereador Ricardo Raymundo, o número de 8.140 pares não estaria aqui, que segundo informações, teria um número menor", informou o vereador Luís Alves. O vereador de oposição garantiu que a intenção é somente de fiscalizar e afastou qualquer motivação de politicagem. "O que estranha é que o senhor prefeito não quer que a gente fiscalize ele, não é perseguição, é denúncia de que existe irregularidade", ressalta. Já o vereador Ricardo Raymundo disse que esse é o papel do vereador, o de fiscalizar o Executivo. "Nós estamos cumprindo nosso papel. O prefeito ficou um pouco alterado, o Luis, e eu acho que isso faz parte da democracia. O importante é o respeito um com outro, não ter agressão física. Nos estamos apenas conferindo", conta. GASPAR Após a confusão o prefeito Manoel Gaspar lamentou o ocorrido e expressou sua indignação com o que considera motivação política, de olhos nas eleições deste ano. "Foi uma situação constrangedora e vexatória, que nós, como representantes do povo, jamais deveríamos protagonizar. Respeito o papel do legislativo e uma de suas atribuições, que é fiscalizar. Mas o que estão fazendo é deturpar a essência do parlamento, atacando, ofendendo e denegrindo a imagem e a honra não da administração, mas da pessoa. E não é a primeira nem a segunda vez que fazem essa política de baixo nível para atingir não o meu governo, mas a mim", criticou. O chefe do Executivo lamentou ainda que uma ação de grande alcance social, que é a distribuição gratuita de tênis e sandálias para os cerca de 3.600 a 3.700 alunos da rede municipal de ensino possa ser usada politicamente. "Apesar de não ser uma obrigação da prefeitura, estamos adquirindo esses kits de calçados para ajudar as famílias com crianças atendidas pela rede municipal de ensino, sobretudo as mais carentes. Pode não parecer muito, mas a distribuição de um par de tênis e sandálias para cada aluno pode representar uma economia muito importante para muitas e muitas famílias que teriam dificuldade de arcar com esse gasto. Mas infelizmente há pessoas que não veem a importância e o alcance disso e preferem transformar em mais possibilidade de ataque e ofensa". Gaspar finalizou destacando que os momentos de crise só podem ser superados com a união de todos, quando o interesse coletivo se sobrepor aos interesses políticos, particulares ou partidários. "Muitos dizem que querem uma Tupã melhor, mas poucos se dispõem a unir forças para atingir esse objetivo. Não podemos deixar que a divergência política, a disputa pelo poder façam Tupã estagnar, parar no tempo, a exemplo do que, como todos sabem, aconteceu décadas atrás com a nossa cidade", finalizou.
Redação Folha do Povo com informações do Rotativa
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