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É incompreensível o fato de uma cidade com 63 mil habitantes e mais de 2 mil casos de dengue confirmados, ter apenas uma unidade de saúde pública atendendo no período de 24 horas, com apenas dois médicos de plantão. A falta de estrutura nos atendimentos de saúde sobrecarrega a população e os funcionários que trabalham na UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Sem uma estratégia de atendimento eficaz, a qualidade dos atendimentos prestados pela unidade é prejudicada, atingindo diretamente os pacientes. No último sábado, dia 11, véspera do Dia das Mães, uma médica e uma paciente entraram em atrito na unidade. O desentendimento terminou com a presença da Polícia Militar na unidade, onde foi registrado boletim de ocorrência. Caso A mãe, Márcia Aparecida Dias, de 51 anos, disse que na última quinta-feira, dia 9, seu filho, de 17 anos, apresentou sintomas da dengue. "Trouxe ele para a UPA. Nesse dia, ele foi bem tratado, tomou o soro e voltou para casa”, disse. Márcia explicou que, desde quinta-feira, seu filho não conseguia se alimentar e no sábado apresentou vômitos de cor amarelada. "Então, levei ele de novo para a UPA”, salientou. Ao chegar na UPA, com dores abdominais, o jovem sentou-se no corredor e abaixou a cabeça para aliviar o desconforto. "Nessa hora, a médica passou com pressa e acabou batendo a mão na cabeça dele, sem intenção. Eu ainda pedi para meu filho levantar a cabeça para não atrapalhar a passagem dos médicos, quando a médica o chamou de sem educação. Perguntei para a médica porque ela chamou meu filho de sem educação. Ela me respondeu que mulher do meu tipo só se fala com polícia e ainda me xingou. Nessa hora, eu também xinguei ela. Ela disse que no meu filho não ia por a mão”, destacou a mãe. Nesse instante, um funcionário da UPA acionou a Polícia Militar, que compareceu ao local para realizar um boletim de ocorrência ouvindo a mãe e a médica. "Isso é completamente errado. Meu filho está doente. Isso não pode acontecer. Um monte de gente viu essa cena. Estão acabando com Tupã”, ressaltou a mãe. Após ser atendido, o jovem já diagnosticado com dengue foi encaminhado para a Santa Casa, onde ficou em tratamento e teve alta no domingo à tarde. Ambulância A diarista Roseli Antonietti, de 43 anos, foi com sua filha para a UPA acompanhar seu marido que sentia fortes dores no corpo. Seu marido seria transferido para a Santa Casa com auxílio de uma ambulância. Roseli, porém, pediu que a ambulância levasse sua filha de 23 anos para casa, pois acabara de realizar uma cirurgia, na cidade de Marília, para retirada de dois cistos no ovário. "Minha filha está operada com 24 pontos na barriga. Ela não pode dirigir. Meu marido disse que iria para a Santa Casa dirigindo se levassem ela para casa com a ambulância”, disse. "Eles disseram que não teriam duas ambulâncias, e que só tinha uma para meu marido, que foi levado para a Santa Casa”, acrescentou. A filha recém operada foi para casa sozinha de carro. Dores Um jovem de 23 anos, que preferiu não se identificar com receio de possíveis represálias, disse que por cinco vezes buscou atendimento na UPA devido a dores na coluna. "Estou morrendo de dor nas costas e chego aqui eles só me dão dipirona e me mandam embora”, disse. O paciente com dores na coluna ainda se queixava de falta de ar. "Eles me passam uma receita com dipirona e não melhora nada. Já tiraram uma radiografia e disseram que era pneumonia. Um médico fala que é para internar e outro diz que não. Está precária a situação. Aqui está com superlotação e demora no atendimento. Cheguei aqui por volta de 20h30 min. Agora são 23h30 min”, ressaltou. Outro lado A Prefeitura de Tupã explicou que a médica pediu a compreensão dos pacientes, pois todos seriam atendidos, mesmo com a lotação. Destacou, ainda, que o desentendimento teria acontecido pelo estresse gerado entre os pacientes que, com razão, solicitavam rapidez nos atendimentos. "Além do grande número de pessoas que estão indo na UPA, os médicos também atendem os casos de urgência e emergência que entram pelos fundos da unidade. E muitos pacientes que estão na sala principal, não sabem desses atendimentos, que possuem prioridade”, afirmou. O que se sabe é que a superlotação e as condições de trabalho têm prejudicado funcionários e pacientes, neste período de alta transmisão de doenças. Os profissionais da UPA estão sobrecarregados, e a população cada vez mais insatisfeita.

Redação Jornal Diário

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