Amor Saúde

Funcionários do Hospital São Francisco fizeram uma passeata na manhã do último sábado (26), na Avenida Tamoios, para mobilizar a população e as autoridades pelo não fechamento da entidade hospitalar, o que poderá acontecer, caso o governo estadual descredencie o hospital do sistema SUS (Sistema Único de Saúde). O chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital São Francisco, Carlos Eduardo C. de Toledo, disse que o possível fechamento da entidade hospitalar está, "de certa forma", sendo imposta pelo governo estadual. "Está havendo uma tendência na política de saúde do governo paulista de concentrar os recursos do SUS em alguns hospitais. Em geral, eles têm escolhido as Santas Casas nas cidades menores. Se esse fato realmente acontecer, será o fim do São Francisco", afirmou. "Isso nos preocupa muito porque essa decisão não foi discutida com a comunidade, com os médicos e com as autoridades de Tupã. Esse fato é da maior gravidade", acrescentou. Toledo acredita que um único hospital (Santa Casa) não terá condições de atender a demanda de pacientes com um eventual fechamento do São Francisco. O médico explicou que os dois hospitais atendem uma população de cerca de 230 mil habitantes. "A DRS (Diretoria Regional de Saúde) de Marília está desconsiderando o fato de que o Hospital São Francisco, assim como a Santa Casa, não atendem somente a população de Tupã. Atendem essa microrregião", afirmou. SUS

O chefe da UTI destacou que os procedimentos médicos pagos pelo SUS estão defasados há muito tempo. "O SUS é um péssimo pagador. As tabelas hospitalares não são reajustadas desde 1996. É péssimo com o SUS, porém, inviável sem ele", enfatizou. Toledo ressaltou que, manter os trabalhos sem o aporte do SUS, significa perder a filantropia e, consequentemente, as vantagens na isenção de impostos e IPTU (Imposto Territorial e Predial Urbano). "Esta é uma verdade. Tanto é que hospitais como o Sírio Libanês, Oswaldo Cruz e Albert Einstein querem ter essa filantropia, porque economicamente é uma forma de abater impostos. Se acontecer de sermos descredenciados pelo SUS, o hospital se tornará inviável", salientou. O médico explicou que o SUS paga R$ 12,00 para cada paciente mantido no hospital em estado grave. "Eles não têm que olhar os números, mas conhecer o São Francisco ‘in loco’ e saber a real situação do hospital", ressaltou.
Prefeitura O futuro prefeito José Ricardo Raymundo explicou que a preocupação do atual governo é referente à estabilidade financeira do Hospital São Francisco. "Temos que buscar soluções com a parte administrativa e envolver cada vez mais o corpo clínico", afirmou. O prefeito eleito falou sobre uma provável parceria com a Unesp de Tupã na parte administrativa, para ajudar no levantamento de dados do hospital e saber os motivos das despesas serem maiores do que a receita. "As entidades têm que estar abertas e serem transparentes. Não adianta vir de seis em seis meses às ruas e pedir ajuda. A população não aguenta mais. Mas não podemos deixar o hospital fechar", disse. Como representante do Poder Público, Raymundo pretende buscar soluções definitivas para ajudar o hospital a equilibrar as suas contas, a curto e a médio prazo. "Depois disso, buscar soluções para quitar a dívida anterior", disse o prefeito eleito, ao ressaltar que pretende ter um secretário que seja administrador hospitalar e que entenda sobre esses problemas. "Temos que atuar diretamente na ferida para a sua cura", acrescentou. Raymundo destacou uma possível parceria com faculdades, através dos cursos de medicina e de enfermagem, para executar um trabalho que possibilite a redução no custo de manutenção dos hospitais de Tupã. O futuro prefeito afirmou que existe a possibilidade da prefeitura aumentar os repasses aos hospitais a partir do ano que vem. "A nossa preocupação é diminuir as secretarias, sem redução na prestação de serviços. Vamos diminuir custos da prefeitura para ajudar as entidades e fiscalizar, para saber onde está indo o nosso dinheiro. Se tiver transparência, a população se envolve e ajuda", enfatizou.
Funcionários A auxiliar de farmácia Simone Vicente Pires do Nascimento disse que a situação está difícil em todos os setores do hospital. Ela enfatizou que Tupã precisa da área da saúde e, por isso, a população não pode deixar o hospital acabar dessa forma. "Temos família e precisamos trabalhar. Deixar o hospital fechar e ninguém fazer nada, não está certo. Temos que nos unir, lutar, fazer a diferença para termos uma resposta. Contamos com a força da população", destacou. A auxiliar de farmácia admitiu que já faltou medicamentos e equipamentos para trabalhar, mas pelo fato do hospital não receber a verba adequada do governo estadual. "O gasto é muito grande e a verba é muito pequena. Não temos condições de repor os materiais", afirmou. A auxiliar de limpeza Maria de Fátima de Freitas trabalha há 11 anos no São Francisco, e disse que a entidade hospitalar nunca passou por uma crise como essa, onde os funcionários estão com muita dificuldade para trabalhar. "O hospital não pode fechar. Estamos firmes com essa caminhada. Chega a faltar materiais para trabalhar e estamos aceitando toda ajuda da população, como é o caso de doações de produtos de limpeza, que estão em falta", acentuou.

Redação Diário de Tupã

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