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O eclipse lunar que ocorre nesta terça (8), segundo e último deste ano, só será visível no Brasil em uma pequena parte da região Norte. O fenômeno ocorre quando a Terra fica entre o Sol e a Lua, que fica encoberta pela sombra do planeta. O evento começa às 5h02 (no horário de Brasília), com o eclipse penumbral, que não é visível a olho nu, apenas com equipamentos. Às 6h09, será possível vislumbrar a Lua sendo eclipsada parcialmente, quando a umbra, sombra mais escura, avança pelo satélite. "É quando entra na umbra, quando você vê a Lua cheia e você começa a ver uma mordidinha escura. Quando está totalmente na umbra, temos o eclipse total", diz Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional.

foto de lua avermelhada por causa do eclipse lunar totalEclipse lunar total, conhecido como
Foto de lua avermelhada por causa do eclipse lunar totalEclipse lunar total, conhecido como "Lua de Sangue", visto da região central de São Paulo - Gabriel Cabral - 16.mai.22/Folhapress
O eclipse total começa às 7h16, tem seu auge às 7h59 e termina às 8h42 desta terça, diz Josina. O fenômeno será visível da Ásia, do oeste do Canadá e dos Estados Unidos e do extremo leste da Rússia, além de regiões na bacia do Pacífico. No Brasil, só será possível acompanhar o evento por poucos minutos em locais do extremo oeste do Amazonas e do Acre, como a cidade de Cruzeiro do Sul. "Será possível ver o parcial e o total com a Lua muito próxima do horizonte, mas tem gente que não vai conseguir, porque pode ter um prédio ou uma árvore na frente", afirma a astrônoma. Para quem não mora em Cruzeiro do Sul ou na Ilha de Páscoa, no meio do Pacífico, é possível acompanhar uma transmissão do Observatório Nacional que acontece a partir das 5h30 desta terça no canal do observatório no Youtube. Os especialistas vão tirar dúvidas e comentar o fenômeno. E o próximo? Em 2023, haverá um evento parcial visível a partir do Brasil, mas um eclipse total da Lua, só em 2025. "Será muito bom para o Brasil, porque veremos em todo o país, de 13 para 14 de março, com a Lua alta, por volta de três da manhã", diz Josina. O eclipse total causa o fenômeno da Lua de sangue, quando o satélite fica com uma cor avermelhada. Isso acontece, segundo Roberto Costa, professor do departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, porque a atmosfera da Terra, que fica no caminho entre a luz do Sol e a Lua, funciona como um filtro. "A atmosfera da Terra é um filtro que espalha mais o azul e deixa passar mais o vermelho. Tanto que vamos o céu azul, por quê? Porque a mistura de oxigênio e nitrogênio que forma a atmosfera da Terra é muito eficiente em espalhar a luz azul", diz Roberto Costa, "Por isso o pôr do Sol é vermelho, porque atravessa uma parte da atmosfera muito mais espessa". Costa explica que os eclipses lunares também serviram para os gregos provarem há dois mil anos que a Terra é redonda. "Pense no eclipse da próxima noite, observado do Acre. A Lua estará bem baixinha no horizonte oeste. Se a Terra fosse como uma pizza, o Sol estaria perto do horizonte leste e a sombra da Terra na Lua, se fosse chata, não seria um disco, mas uma faixa", diz ele. "E os gregos argumentam: não importa a hora da noite em que o eclipse ocorre: a sombra da Terra na Lua é sempre circular, e a única forma geométrica que explica isso é que a Terra é redonda. É um argumento conhecido há dois milênios".

Folha de São Paulo

cresol

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