Segundo caso de feminicídio acontece em Tupã e mulheres pedem justiça nas redes sociais
22/08/2017 Publicações pedem justiça após o assassinado de Debora Goulart, de 33 anos
A morte de Debora Goulart, nesta terça-feira (22), chocou a população tupãense, principalmente às mulheres.
Bancária, com 33 anos, Debora foi morta a facadas em sua própria residência, localizada no centro de Tupã. O principal suspeito é seu companheiro, que está foragido. De acordo com as investigações, o crime foi praticado na noite de segunda-feira, mesmo dia em que ele foi busca-la no trabalho. Colegas de trabalho de Debora relataram que ela saiu chorando para encontrá-lo.
O caso brutal, que é o segundo registrado na cidade neste ano, gerou revolta na cidade e iniciou o debate e a busca por justiça nas redes sociais.
Em relato na rede social, a tupãense Natalia Santana levanta a questão da violência contra a mulher, se colocando no lugar de Debora e, além disso, reforçando que "ninguém tem direito sobre a vida de alguém". Confira o relato:
"Um dia triste para a família/amigos/entes queridos de mais uma mulher que foi vítima de um "homem" fraco, covarde, miserável.
Eu não a conhecia, mas sinto como se fosse alguém que convivia comigo, sinto como se fosse uma irmã, sinto como se tivesse sido eu mesma, é esse sentimento que está sendo compartilhado por uma cidade toda.
Uma ameaça, que logo em seguida vem de um aperto, terrorismo psicológico, um empurrão, um xingamento, humilhação, por aí vai, está à um passo de uma surra, de um tiro, de facadas, não duvide, quem ameaça faz, quem bateu uma, vai bater duas e assim por diante, NINGUÉM muda, uma hora ou outra tudo vai voltar a se repetir.
Pule de um relacionamento abusivo enquanto há tempo, não tenha dó, não se culpe, você é a vítima, e você precisa de ajuda, conte, denunciei, antes que seja tarde demais, porque infelizmente só irá piorar, hoje foi a Débora, mas nesse exato momento outras Débora, Maria, Natália etc estão perdendo suas preciosas vidas nas mãos de desgraças que não aceitam finais de relacionamentos, não importa qual seja o motivo, NINGUÉM tem o direito de tirar a vida do outro, NINGUÉM é dono de ninguém.
Meus sentimentos à família e amigos, e que a justiça mesmo sendo falha na maioria das vezes quando se trata desse assunto, mas Deus em sua infinita misericórdia e bondade acolha essa sua filha que volta a seus braços."
A publicação, que teve mais de 200 compartilhamentos, serviu de palco para comentários que lamentam qualquer tipo de violência contra a mulher e tem sede de justiça, mostrando que situações como a de Debora estão mais perto do que todos imaginam.
Além de Natalia, muitas outras tupãenses deixaram seus relatos nas redes sociais com a tag #JustiçaDeboraLuto.
A banalização da vida da mulher morta por ser mulher e estar diante de um homem quase sempre conhecido revela muito. Casos vêm se tornando mais frequentes e exigem luta, debate e importância para que a violência não seja algo banal.
Debora foi morta com três facadas (Foto: Reprodução/Facebook)
FEMINICÍDIO
A Lei do Feminicídio, aprovada há dois anos, foi importante para dar mais visibilidade aos assassinatos de mulheres. As informações do número de feminicídios, porém, ainda não aparecem na base de dados, constando como homicídio de mulheres.
Segundo dossiê realizado pelo Instituto Patrícia Galvão, o feminicídio corresponde à última instância de poder da mulher pelo homem, configurando-se como um controle "da vida e da morte".
O Brasil, que mata aproximadamente 13 mulheres por dia segundo o Atlas da Violência de 2017, é caracterizado como o 5º país com maior taxa de violência contra a mulher. A taxa de feminicídios é de 4,8 para 100 mil mulheres.
De acordo com a Lei do Femicídio, de março de 2015, considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.