Donos de cães supostamente contaminados com leishmaniose esperam a Prefeitura de Tupã adquirir os kits de teste rápido, para coletar o sangue dos animais e confirmar ou negativar a doença.
No momento, a prefeitura agenda a coleta de sangue dos cães suspeitos, mas solicita que os donos dos animais os encaminhem para testes realizados em clínicas veterinárias particulares. O teste para confirmação da doença pode custar em algumas clínicas cerca de R$ 50,00.
Um morador da região Leste da cidade, que preferiu não se identificar, disse que mesmo sem realizar o teste nos animais por falta de kits, a prefeitura tem recolhido, "por aparência", animais suspeitos de terem sido acometidos pela doença.
O morador destacou que animais mortos nos quintais das residências também foram recolhidos pela prefeitura. "A prefeitura não pode levar o cachorro sem antes realizar o teste para confirmar a doença. Mas estão recolhendo os cachorros sem realizar os testes. Em outros casos, quando os animais estão possivelmente contaminados, eles já não levam. Isso já é discriminação", afirmou. "Eles escolhem os cachorros por aparência. No caso dos animais que não são recolhidos, os donos podem ser penalizados com a multa", acrescentou o morador, denunciando suposta falta de critério da prefeitura no recolhimento dos animais.
Ao flagrar esses casos nas residências, a Polícia Militar Ambiental aplica multa de cerca de R$ 3 mil por maus tratos contra animais e cerca de R$ 3 mil pelo crime ambiental cometido, totalizando cerca de R$ 6 mil.
De acordo com o morador, no ano passado dois animais seus foram acometidos com leishmaniose, em Tupã. "Os moradores não podem ser multados por negligência da prefeitura", enfatizou.
Outro lado
O responsável pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonozes), Robison Luís Pereira, explicou que sua equipe não recolhe os animais mortos em residên-cias. "Isso quem faz é a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente", disse. "Ao chegarmos numa residência e verificarmos que o animal apresenta pelo menos dois sintomas da doença, somos instruídos a coletar o sangue", acrescentou.
Vale lembrar que a prefeitura pode recolher os animais com sintomas da doença, com autorização de um clínico epidemiológico.
Depois de confirmado o agendamento, a prefeitura coleta o sangue do animal para confirmar, ou não, o caso de leishmaniose.
A equipe do CCZ visita as residências e recebe denúncias sobre os eventuais casos da doença. "Em muitos casos, os moradores reclamam que os animais estão com leishmaniose. Mas, quando chegamos na residência, o animal está com outro tipo de doença, até mesmo ‘bicheira’", disse.
Pereira assegurou que a prefeitura solicitou a compra dos kits para coletar o sangue dos animais suspeitos.
Segundo o responsável pelo CCZ, o governo estadual encaminhará kits para a prefeitura realizar apenas o censitário que ocorrerá em determinadas áreas da cidade. "Para atingirmos toda a cidade a prefeitura terá que comprar (com recursos próprios) os kits. O processo já está em fase de licitação", acentuou.
Pereira observou que há casos de moradores que querem "se livrar" de seus animais doentes, não contaminados com leishmaniose. "Não podemos sacrificar os animais que não tenham o sintoma de leishmaniose, só porque está com outra doença. Só recolhemos os cães depois que o teste der positivo", destacou.
Com os kits para teste rápido, o resultado da coleta de sangue pode ser emitido de três a quatro dias.
Ao visitar a residência e constatar que o animal está com suspeita da doença, a equipe solicita que o proprietário procure um médico veterinário particular. A prefeitura pode realizar a coleta para exame de sangue, mas só poderá fazer depois que os kits forem adquiridos. "Se o proprietário tem pressa de saber se o resultado é positivo ou negativo, aconselhamos a fazer o teste em um veterinário. Se ele não puder pagar o teste, nós agendamos uma coleta e, chegando os kits, voltaremos e coletaremos o sangue desses animais", afirmou.
Redação Diário de Tupã