Os hospitais que dependem da verba do SUS (Sistema Único de Saúde) para sobreviver estão com os dias contados. Muitos continuam fechando suas portas.
Há mais de 15 anos sem receber os devidos repasses corrigidos pelo SUS, a Clínica de Repouso Dom Bosco, que atende pacientes com problemas psiquiátricos em Tupã há 45 anos, encerrará suas atividades no dia 10 de outubro.
A entidade, que tem 60 colaboradores, iniciou programa de demissão e já desligou 30 funcionários.
A diária paga a cada paciente é de R$ 42,00. O valor é repassado ao hospital sem o reajuste da inflação, o que atinge a receita da entidade e impossibilita a manutenção dos atendimentos e internações psiquiátricas.
O restante das despesas da clínica são cobertas com doações voluntárias do diretor do hospital e médico psiquiatra Alcione Alcântara. "As exigências aumentam para o hospital e não temos o recebimento de contrapartidas", afirmou o administrador da clínica, Vinícius Alcântara.
A entidade tem 110 pacientes internados pelo SUS e apenas um particular, conveniado pela Unimed.
O administrador explicou que, para "empatar" as contas da clínica, a administração estipula um gasto mensal de R$ 3,5 mil por paciente. "Porém, temos um repasse de R$ 1,2 mil por paciente", acentuou.
Essas despesas são referentes à compra de medicamentos, pagamento de funcionários, hotelaria e alimentação.
A esses recursos não estão inclusos os investimentos que a clínica precisaria para realizar manutenções e reforma do prédio.
Aos poucos, os pacientes recebem alta do hospital e retornam para seus lares. Muitos familiares não têm condições de oferecer o mesmo tratamento psiquiátrico e encontrarão dificuldades para cuidar do paciente.
O hospital tem receita de R$ 200 mil por mês e despesa de R$ 220 mil - um saldo negativo mensal de R$ 20 mil.
Outros internos receberão alta hospitalar e serão encaminhados para Residências Terapêuticas da região. Já outros estarão sob a responsabilidade da DRS 9 (Diretoria Regional de Saúde) de Marília, que irá transferir esses pacientes para a central de vagas do Estado de São Paulo. Na região, apenas as cidades de Marília, Garça e Adamantina ainda mantém atendimentos para internação psiquiátrica.
A falta de políticas públicas e investimentos do governo federal para a manutenção dos hospitais psiquiátricos no País, transferiu a responsabilidade desses atendimentos para os estados e municípios.
Vinícius Alcântara disse que os atendimentos psiquiátricos em cada município serão realizados pelos Caps (Centro de Atenção Psicossial) e os casos de surtos, serão destinados aos hospitais gerais. "Os atendimentos psiquiátricos de internação deixarão de existir", afirmou.
O prédio localizado na Rua Mandaguaris, 420, pertence à Clínica Dom Bosco, que ainda não definiu o que fará com o espaço. Empresas do setor imobiliário já demonstraram interesse e fizeram oferta para compra do prédio.
Fechamento
Em Tupã, instituições que mantinham atendimentos no setor, como a Aapehosp (Associação Amigos dos Pacientes Egressos dos Hospitais Psquiátricos) e IPT (Instituto de Psiquiatria Tupã) encerraram seus atendimentos.
A Aapehosp está proibida de atender pacientes, depois de uma determinação da Justiça Federal. Já o IPT fechou as portas, em dezembro de 2015, por não ter condições de arcar com as despesas geradas no tratamento dos pacientes.
Redação Diário de Tupã
Receba Notícias do TupãCity pelo Whatsapp
Participe dos nossos grupos
Fique informado em tempo real sobre as principais notícias de Tupã e região.