A falta de insulina específica nos postos de saúde fez pacientes com diabetes moverem ações judiciais contra o governo estadual para receber os medicamentos.
O advogado André Gustavo Zanoni Braga de Castro moveu, recentemente, ação judicial para receber o medicamento para sua filha de 9 anos que possui diabetes tipo 1. "Tive que entrar com um mandado de segurança para receber esse medicamento, que consegui por ordem judicial”, disse.
O enfermeiro Charles Bidoia Carlotti, de 35 anos, possui diabetes tipo 1, há 25 anos. Ele explica que sempre encontrou dificuldades para conseguir a medicação por conta de burocracia.
O enfermeiro se mudou de Tupã no ano de 2011 e disse que o medicamento é mais fácil de ser adquirido em outros estados. "Em outros estados, a facilidade é maior. Aqui a burocracia é muito grande. Eles pedem uma variedade de documentos, exames, diversos laudos médicos, comprovantes de residência, entre outros”, disse. "O Estado não tem nem mesmo um levantamento das pessoas que precisam tomar esse medicamento e não efetua uma triagem de documentos. Isso pra mim é falta de gestão do governo”.
O problema é que, para atender a burocracia do governo e receber o medicamento, leva tempo e dinheiro.
Carlotti apresentou seus problemas ao governo estadual em um documento escrito a mão e solicitou o uso da insulina Lantus. "Mas parece que eles não deram importância para os meus documentos. Me mandaram um telegrama dizendo que eu não tinha a necessidade de tomar esse medicamento, mas sim a insulina NPH que no meu caso não surte efeito”, disse. Ou seja, o próprio Estado que deveria garantir a saúde do paciente, emitiu parecer contra o laudo médico.
Uma ampola de 3 ml da insulina Lantus custa cerca de R$ 180,00 e dura uma semana.
Já a ampola NPH custa cerca de R$ 30,00 e dura um mês, mas sem os mesmos efeitos contra a doença. "A falta desse medicamento causa hipoglicemia e possui pico de ação. Se eu ficar sem esse medicamento, posso ter convulsões”, afirmou Carlotti.
O paciente disse que, quando morava no Estado do Mato Grosso do Sul, encaminhava para o governo um documento a cada seis meses e não enfrentava problemas com burocracia. "Penso em voltar para lá por causa disso. Eles nunca falharam comigo”, disse.
Carlotti destacou que, antes de retornar para Tupã, no mês de dezembro do ano passado, solicitou duas doses a mais da insulina Lantus, como prevenção sobre a possível falta do medicamento. "Tive que reduzir o consumo desse medicamento por conta própria para não ficar sem, devido a demora na entrega do meu pedido. E já está acabando”, afirmou.
O paciente disse que agora tentará receber seu medicamento na Justiça. "Fiz o pedido do medicamento há 60 dias e ainda não recebi. O jeito, agora, vai ser entrar com ação na justiça. Doença crônica é para o resto da vida”, salientou.
Carlotti destacou que o problema com a falta de seringas e lancetas para coleta de sangue foi resolvido, mas enfatizou a demora na entrega do medicamento, por parte do Estado.
Redação Diário de Tupã
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