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A covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, já atingiu mais de 125 mil pessoas no mundo todo e deixou mais de 4.600 mortos desde o início do surto na China em 31 de dezembro. Apesar do número alto de contaminados e da velocidade com a qual tem atingido mais países a cada dia, o que obrigou a OMS a declarar uma pandemia, a doença tem nível de contágio considerado moderado e baixa letalidade. Ainda assim, a preocupação para conter a disseminação ainda é justificável. Modelos matemáticos são capazes de calcular o grau de contagiosidade de uma doença e assim ajudar a determinar medidas de contenção e cura. O novo coronavírus tem grau de contágio entre 2 e 3, que é considerado moderado. O sarampo, último grande surto que atingiu o Brasil, tem nível entre 12 e 18, considerado muito alto. Esse índice é chamado número básico de reprodução, ou R0, e serve para calcular quantas pessoas saudáveis alguém doente é capaz de contaminar. "O número básico de reprodução mede o número de casos novos que são geradas a partir de um caso-índice de uma população de indivíduos totalmente suscetíveis à doença", explica o professor da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas, Claudio Struchiner. O valor é calculado com base em modelos matemáticos complexos e sofre influência de diversos fatores, tais como biológicos, sócio-comportamentais e ambientais, de acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Ele não é constante e não serve de parâmetro para medir a gravidade de doenças, mas ajuda a compreender o tamanho que uma epidemia tem ou pode vir a ter e ajuda a determinar a proporção populacional que deve ser vacinada. Em comparação com outras doenças, esse é um valor de contágio moderado. "Doenças comuns da infância, tipo rubéola e sarampo, ficam numa faixa de 10", diz Struchiner. "Pode chegar até um R0 de 1000 no caso de malária em regiões hiperendêmicas num passado próximo na África".
Índice de contágio do novo coronavírus
Índice de contágio do novo coronavírus
Segundo o infectologista da Faculdade de Saúde Pública da USP, Eliseu Waldman, o grau de contágio de uma doença é uma característica única do agente infeccioso e não há explicação para um ser mais contagioso que o outro. No caso do sarampo, respirar o mesmo ar que uma pessoa contaminada já é suficiente para pegar a doença, o que justifica o R0 tão elevado. O novo coronavírus exige um contato direto com o paciente ou com secreções expelidas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Porém, segundo o infectologista, apesar do grau moderado, o fato de ser uma doença de transmissão respiratória dificulta as medidas de controle, principalmente se envolver contágio de pessoas assintomáticas. "Como ele [o vírus> tem uma proporção — pelo menos segundo os dados disponíveis — elevada de pessoas infectadas assintomáticas, na hora que você percebe você já pode ter um número muito grande de fontes de infecção e um crescimento exponencial nos casos que é o que está acontecendo na Itália", explica o infectologista. Para Claudio Struchiner a preocupação também se justifica devido ao desconhecimento com relação à nova doença. Embora o sarampo seja uma doença muito mais contagiosa, ela já é uma velha conhecida e possui vacina. "A gente sempre deve se preocupar com todas as doenças, como o sarampo, por exemplo, que esteve no noticiário de toda a imprensa, não só aqui no Brasil mas também fora, porque houve um ressurgimento dos casos [em 2019>. Então essa preocupação [com o coronavírus>, ela é em parte porque é uma doença nova e em parte pela importância da própria doença. Mas sim, existem doenças que são mais contagiosas e que matam mais do que o coronavírus". Grau de letalidade Além de menos contagiosa, a covid-19 tem letalidade baixa, de aproximadamente 3,4%, segundo estimou a OMS em 3 de março. É um valor menor que da dengue, por exemplo, mas maior que do sarampo e da gripe comum. "Globalmente, cerca de 3,4% dos casos relatados de Covid-19 morreram. Em comparação, a gripe sazonal geralmente mata muito menos que 1% das pessoas infectadas", informou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. O cálculo da letalidade é diferente. Ele é uma razão entre os números de infectados confirmados com o de mortos, explica Struchiner. Na tarde desta quarta-feira (11), a OMS informou que há 113.702 casos suspeitos e 4.012 mortes, o que corresponde ao valor de 3,4%. É um grau mais abaixo do que a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e a Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), os dois últimos coronavírus a se tornarem epidemias. Enquanto a Sars tinha um grau de contágio moderado, de 2 a 5, ela matava cerca de 10% de seus infectados. A Mers também tinha R0 entre 1 e 5, mas matou cerca de 30% dos infectados.
Taxa de mortalidade
Taxa de mortalidade
Waldman explica que o grau de letalidade influencia diretamente na capacidade de contágio da doença. Por serem mais graves, a Sars e a Mers podiam matar seus pacientes antes que eles espalhassem a doença. "A capacidade de transmissão não é tão diferente [entre os coronavírus>, mas quando é mais grave você tem muito menos casos assintomáticos e tem um número maior de fontes de infecção que são tão graves que eles já vão para o hospital e morrem, então a probabilidade de transmitir acaba sendo menor", diz. O grau de letalidade também pode ser calculado com base em recortes, o que ajuda a compreender melhor a forma de agir do vírus. Recortes possíveis são de região e de idade. "Na Itália, por exemplo, com essas últimas mortes, se você faz o cálculo só para a Itália, [o índice> subiu para em torno de 10%", diz Struchiner. Outro recorte possível é o de idade. Enquanto entre jovens praticamente não há casos de letalidade, ela cresce se for considerado apenas os idosos ou pessoas com doenças crônicas.

UOL

Santa catarina

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