Sindicatos dos bancários de diversos estados brasileiros fazem manifestações em agências e redes sociais nesta terça-feira (16) contra demissões que o Santander Brasil tem feito desde o início de junho.
Os bancários também reclamam que as metas dos trabalhadores foram aumentadas durante a pandemia e que há ameaça de demissão caso elas não sejam cumpridas.
Segundo a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Central Única de Trabalhadores), manifestações presenciais departamentos do banco também ocorreram. Nas redes sociais, bancários fazem um tuitaço.
Até agora, sindicatos dos bancários contabilizam demissões pontuais em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Distrito Federal e Minas Gerais.
Procurado, o Santander disse que não comentaria protestos, demissões e nem a afirmação de trabalhadores de que as metas foram ampliadas na pandemia. Por meio de sua assessoria de imprensa, o banco disse reafirmar posicionamento anterior sobre cortes de trabalhadores.
Reportagem da Folha de S.Paulo relatou, com base em afirmações de executivos do Santander que falaram sob a condição de anonimato, que as demissões no banco começaram na primeira semana de junho, em um processo que poder cortar 20% do quadro geral de funcionários -o equivalente a mais de 9.000 pessoas.
Os cortes ocorrem durante a pandemia do novo coronavírus mesmo após o banco ter assinado um compromisso público de não demitir enquanto perdurasse a crise.
À época, o banco negou o percentual de demissões e repudiou a informação publicada pela Folha de S.Paulo. "O Santander repudia a informação publicada pela Folha de S. Paulo, dando conta de que a organização planeja demitir 20% de seu quadro de funcionários. Essa informação não é verídica e denota uma total falta de sensibilidade em relação aos mais de 45.000 funcionários da empresa", afirmou em nota.
O banco afirmou, porém, que, como ocorre em qualquer negócio, iniciou o processo de avaliação de produtividade das equipes. E que o compromisso de não demissão de funcionários tinha validade de 60 dias, prazo que venceu no final de maio.
Segundo a presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Adriana Nalesso, a pressão do banco pelo cumprimento de metas durante a pandemia também estimularam a campanha contra o banco. Denúncias registradas por diferentes sindicatos da categoria do país apontam que as metas foram aumentadas e que, quem não as cumpre, corre o risco de demissão.
"O Santander parece estar criando uma realidade paralela, sem levar em consideração o que o Brasil está vivendo. O banco não pode faturar com a imagem de socialmente responsável e agir dessa forma. Na Espanha, sede do Santander, não há demissões. Aqui também não pode haver", disse.
Segundo o Comando Nacional dos Bancários e a COE (Comissão de Organização dos Empregados) do Santander, a ação também deve envolver o envio de uma carta à matriz do banco, na Espanha, e uma live a ser feita na quinta-feira (18).
OUTRO LADO
Procurado, o Santander Brasil disse que não comentaria os protestos de funcionários sobre demissões e nem as afirmações do sindicato de que houve aumento nas metas durante a pandemia.
A assessoria de imprensa do banco afirmou que o banco mantinha posicionamentos enviados para a reportagem que relatava o plano de demissões.
À época, o banco disse que faz parte do movimento Não Demita e que foi uma das primeiras empresas no Brasil a anunciar que não faria demissões até o final de maio.
O banco também afirma que está contratando profissionais.
"Nosso compromisso social segue inabalável. Anunciamos recentemente a busca de mais de 1.000 profissionais e iniciamos uma nova operação de atendimento no sul do Brasil que poderá gerar mais de 4.000 empregos ainda neste ano", afirmou o banco em nota.
O Santander disse ainda que, como em de praxe em qualquer instituição, avalia suas equipe. Na nota destaca: "Em paralelo, como parte da gestão de qualquer negócio, a liderança do Banco iniciou um processo de reavaliação do nível de produtividade de suas equipes, que deve ser contínuo em uma empresa que busca manter o melhor nível de eficiência da indústria".
O texto ainda diz que "o movimento é necessário para fazer frente a um entorno muito mais desafiador, além da necessidade de navegar com eficácia em um ambiente de arquitetura aberta, trabalho em rede e busca incessante de níveis de automação ainda mais contundentes".
Segundo o banco, "este quadro de mudanças inclui, por exemplo, o trabalho remoto de equipes de forma mais permanente, já a partir do segundo semestre. A meritocracia é um dos grandes valores da instituição e é o filtro que pauta qualquer medida na esfera de gestão do nosso capital humano".
FolhaPress