Estudo mostra que CoronaVac reduz em 41% casos sintomáticos de Covid-19 em idosos com mais de 70 anos; mortes caem 71%
23/07/2021 Estudo feito entre janeiro e abril, quando a variante gamma (P.1) já circulava no estado, analisou 43 mil moradores do estado de São Paulo e mostrou redução de 59% nas hospitalizações após imunização com duas doses.
Um estudo científico publicado nesta quarta-feira (21) mostrou que a CoronaVac reduziu em 41,6% os casos sintomáticos de Covid-19 em idosos com mais de 70 anos no estado de São Paulo. A pesquisa, feita com 43 mil pessoas entre janeiro e abril, apontou ainda uma eficácia de 59% na redução de hospitalizações e de 71% para mortes provocadas pela doença.
O trabalho foi realizado por cientistas ligados ao grupo Vaccine Effectiveness in Brazil Against COVID-19 (Vebra Covid-19) e foi apoiado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
O percentual de proteção foi calculado 14 dias após a aplicação da segunda dose da vacina, e variou conforme a idade dos indivíduos.
No grupo mais jovem, com idade de 70 a 74 anos, a eficácia foi de 61,8% na proteção contra casos sintomáticos, de 80,1% contra hospitalizações e de 86% contra mortes. Já entre os maiores de 80 anos a eficácia foi de 28% contra casos, 43,4% contra hospitalizações e 49,9% contra mortes.
Os autores do artigo afirmam que a pesquisa teve como alvo pessoas com mais de 70 anos porque este foi o grupo que recebeu a maior parte das doses de CoronaVac durante o início da campanha de vacinação.
"Nós restringimos nossa população do estudo a idosos porque eles eram um grupo prioritário para vacinação e receberam a grande maioria das doses de CoronaVac durante os estágios iniciais da campanha no Brasil. Como resultado, uma comparação direta da eficácia do CoronaVac entre populações mais velhas e mais jovens não é possível", dizem os autores.
Dados preliminares deste estudo já haviam sido divulgados no final de maio. Agora, os pesquisadores atualizaram os percentuais de hospitalizações e óbitos verificados entre os participantes.
A pesquisa foi feita em um período no qual a variante gamma (P.1), detectada inicialmente em Manaus, já representava boa parte dos casos no estado.
Os dados foram publicados em uma plataforma de pré-prints. Por isso, o estudo é considerado uma versão prévia, já que ainda está passando pela revisão de outros cientistas.
Eficácia geral da CoronaVac
Outros estudos publicados após o começo da vacinação também mostraram que a CoronaVac é eficaz em reduzir casos e mortes provocadas pela Covid-19.
Estudo clínico final divulgado no início de abril mostrou que a a eficácia mínima para casos sintomáticos de Covid-19 atingiu 50,7%. O número foi maior do que o verificado no estudo preliminar, com resultados iniciais divulgados entre dezembro e janeiro, que mostraram eficácia de 50,3%.
A pesquisa publicada em abril mostrou ainda que a eficácia da CoronaVac pode chegar a 62,3% com um intervalo de mais de 21 dias entre as duas doses da vacina. Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda que a aplicação da CoronaVac seja feita respeitando este intervalo.
O artigo científico, encaminhado para revisão e publicação na revista científica Lancet, mostra ainda redução de 83,7% das hospitalizações.
O índice de eficácia global aponta a capacidade do imunizante de proteger em todos os casos - sejam eles leves, moderados ou graves. O número mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e também pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é de 50%.
Participaram do estudo, realizado entre 21 de julho e 16 de dezembro de 2020, 12.396 voluntários em 16 centros de pesquisa brasileiros. Todos receberam ao menos uma dose da vacina ou placebo. Desse total, 9.823 participantes receberam as duas doses.