HUM TUPÃ

*Roberto Kawasaki O valor de uma mercadoria, ou a quantidade de qualquer outra pela qual pode ser trocada, depende da quantidade relativa de trabalho necessário para sua produção, e não da maior ou menor remuneração que é paga por esse trabalho" David Ricardo, em Princípios de Economia Política e Tributação, publicado em 1817. Em tempos de pandemia de coronavírus, o grande economista David Ricardo, autor do estupendo livro Princípios de Economia Política e Tributação, publicado em 1817, não poderia ser mais atual. Vivemos no mundo um embate ideológico como pouco se viu na história da Humanidade, de fato, direita e esquerda se envolvem em batalhas campais. Lembra, e muito, os debates entre girondinos (direita) e jacobinos (esquerda) na Revolução Francesa. Como estamos num país latino, as paixões afloram de forma clara, embora estas se manifestam com extrema radicalização e pouca tolerância. Vejam na questão do combate ao coronavírus. O presidente Bolsonaro deseja que o setor produtivo possa encontrar meios de voltar a trabalhar. Trabalho para produzir mercadorias e estas permitem o consumo e por consequência a sobrevivência da espécie humana. De outro lado, a medicina e a saúde entendem que a paralisação da produção e isolamento das pessoas é condição necessária para conter a propagação do temível vírus. Os dois lados estão certos e errados. De um lado, o governo Bolsonaro, através do Ministério da Saúde, trabalha, e bem, no enfrentamento da Covid-19, mas lembra da necessidade de voltar ao trabalho. Do outro lado, o Ministério da Saúde enfatiza a importância do isolamento das pessoas e, com isso, a paralisação dos meios de produção. Parece que um defende somente o trabalho ( Bolsonaro ) e outro somente a vida (medicina e saúde ). A médio prazo, é fundamental encontrar um equilíbrio, preservando vidas e gerando mercadorias para o consumo e evitar a fome e a morte. Como economista, não posso esquecer das valiosas contribuições de David Ricardo e lembrar que os governos devem proteger a vida. Contudo, devo também lembrar que nenhuma sociedade humana sobrevive sem trabalho, produção e consumo. Aliás, esta mesma sociedade deve trabalhar e produzir, gerando meios de recolher tributos, fonte única de receita pública, para que governos possam ter meios financeiros para custear os programas protetivos da vida. Principalmente para os mais vulneráveis. No quadro acima, vejam como o setor público se encontra endividado como um todo, envolvendo as esferas federal, estaduais e municipais. Processo de endividamento que cresce sem parar. Neste ano, o endividamento será ainda maior, com queda na arrecadação de tributos, com o isolamento e paralisação do trabalho e produção, e com o volume de gastos que estão sendo e serão feitos. Tempos difíceis virão.

Santa catarina

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Roberto Kawasaki

Roberto Kawasaki é economista pela FEAUSP, Professor dos cursos de Administração, Sistemas de Informação, Arquitetura e Urbanismo, Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Engenharia de Produção da FACCAT, articulista do Jornal Diário e do TupaCity.com

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