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* Roberto Kawasaki Com a eleição vitoriosa de Biden e a derrota de Trump nos EUA, a política externa brasileira necessita ser totalmente remodelada: de alinhamento automático aos EUA e desprezo ao restante do mundo para retorno à diplomacia tradicional de multilateralismo, negociação, acordos e tratados. De fato, ainda mais que o relacionamento submisso à Trump não tenha rendido maiores vantagens ao Brasil, agora a China também mudou, haja vista a reação a Eduardo Bolsonaro: é um claro aviso ao Brasil, de que o jogo é outro. Biden já disse que será pragmático e assim sendo, acabou a briga de Trump com a China. Com isso, a China que guardava o desenlace das eleições americanas, voltará à mesa de negociações com os EUA, e não demonstra a mesma paciência que tinha com o Brasil: pode impactar duramente nas exportações de grãos brasileiros para o mercado chinês. Obviamente que com isso, a bancada BBB-Boi-Bala-Bíblia, ainda próxima de Bolsonaro, irá exigir um tratamento melhor com a China. Ou seja, o ainda Ministro Araújo na pasta das Relações Externas, não mais serve nessa nova configuração geopolítica internacional, a questão central deixou de ser ideológica. Passou a ser de negociações, de acordos, de diplomacia pura, de firmar compromissos. De outro modo, a escolha de John Kerry para cuidar exclusivamente das questões ambientais americanas, e dos recados dados por Biden para o Brasil, mostram que a política ambiental brasileira com o Ministro Sales já se esgotou. A saída de Sales é questão de tempo, ainda mais que tem a oposição dos militares. A Política Ambiental é unha e carne com as Relações Externas, por isso, a dependência enorme da atual Economia Brasileira com o Agronegócio exige do Governo Bolsonaro uma nova postura: mudança radical. Senão os prejuízos econômicos serão desastrosos para o Brasil. Chega de conversa fiada, de alinhamento ideológico puro e de submissão aos EUA. Agora, com a eleição do experiente, negociador, político tradicional Biden, exige do Brasil uma nova conduta estratégica: de sentar à mesa de negocia- ções, de visitas, de respeito às organizações internacionais, como a ONU, OMS, OCDE, OTAN, OMC. O jogo político internacional é totalmente outro. Ou Bolsonaro muda, ou ele cai em 6 meses, haja vista que há inúmeros pedidos de impeachment nas gavetas da mesa do Deputado Maia, só esperando que o Centrão abandone Bolsonaro, como abandonou Dilma. Porque o Centro e a Direita mais esclarecida já não suporta mais Bolsonaro. Teremos tempos políticos conturbados.

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Roberto Kawasaki

Roberto Kawasaki é economista pela FEAUSP, Professor dos cursos de Administração, Sistemas de Informação, Arquitetura e Urbanismo, Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Engenharia de Produção da FACCAT, articulista do Jornal Diário e do TupaCity.com

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