Vivemos tempos abomináveis. As desigualdades social e econômica dos brasileiros crescem em conjuntura de crise sanitária. Obviamente que há várias facetas das crises que nos assolam. Contudo, a crise trazida pelo Covid-19 é preponderante sobre as demais. Afinal de contas, são mais de 400 mil mortes de vidas humanas, que segundo estudos científicos publicados, ultrapassam as 500 mil mortes, tendo em vista que muitas das mortes relatadas nos atestados de óbitos, não são de Coronavírus, mas que tiveram origem na infecção da Covid-19, que levaram ao agravamento do estado de saúde dos pacientes, que por sua vez, infelizmente, muitos foram a óbitos. Isso sem falar das outras mortes que foram provocadas pela impossibilidade de atendimento hospitalar, seja porque a estrutura física das unidades de saúde entraram em total esgotamento, pessoal da área da saúde completamente direcionados ao atendimento às vítimas da Covid-19, medicamentos que sofreram falta de oferta.
Nesse processo, as idas e vindas das aberturas e fechamentos das atividades econômicas por parte das autoridades públicas, pressionados pelas vagas de UTI nos hospitais, óbitos e infecções, agravam as desigualdades sociais. Outrossim, com a queda das atividades econômicas, a arrecadação de tributos tiveram, consequentemente, diminuições de receitas públicas. No entanto, há significativas necessidades de efetivar gastos na área da saúde pública, também para atender a assistência social. Portanto, crises fiscais se projetam no horizonte próximo.
Não há outra saída para o futuro, se não for priorizar o investimento privado nacional e internacional, canalizando áreas sensíveis à admissão de mão-de-obra, nos moldes do que faz o Presidente Biden nos EUA. Para isso, é fundamental abrir oportunidades de negócios a investidores em segmentos como saneamento, energia, transportes, habitação popular, meio-ambiente, comunicações, logística, etc. Como o setor público se encontra descapitalizado, haja vista que deverá direcionar seus gastos para custeio, não há outra saída senão atrair investimentos privados. Principalmente internacionais.
Não há tempo a perder. Caso contrário, ficaremos eternamente realizando auxílios emergenciais. Entretanto, o dinheiro público também tem limites. É crucial criar empresas, negócios, parcerias, concessões públicas, projetos, programas, que gerem absorção de profissionais que se encontram desempregados e subempregados.
É preciso Governo.
Roberto Kawasaki é economista pela FEA-USP, Professor dos cursos de Administração, Sistemas de Informação, Arquitetura e Urbanismo, Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Engenharia de Produção da FACCAT e articulista do Tupacity.
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