João Sayad
09/09/2021
O professor e economista João Sayad faleceu no último domingo (5) aos 75 anos; conheça sua história.
No último domingo, dia 05, faleceu o Professor e Economista João Sayad, aos 75 anos, em São Paulo, após lutar bravamente contra um câncer desde 2008. Bacharel em Ciências Econômicas em 1966 pela FEA-Faculdade de Economia e Administração da USP, foi diretor do Centro Acadêmico Visconde de Cairu e já no ano seguinte, em 1967, assumiu aulas na FEA. Em 1970, concluiu o Mestrado Acadêmico em Economia pelo IPE-Instituto de Pesquisas Econômicas da FEA-USP. Na sequência, foi aos EUA e em 1973, obteve o Mestrado na Universidade de Yale e em 1976 obteve o Doutorado pela mesma Yale, uma das mais conceituadas universidades dos EUA e do mundo.
No mesmo ano, reassumiu sua cátedra na FEA e em 1978, obteve a Livre-Docência na FEA. De 1983 a 1985, foi Secretário da Fazenda no Governo Montoro e em 1985 foi ser Ministro do Planejamento do Governo Sarney, na redemocratização do país, sendo um dos responsáveis pelo Plano Cruzado para combater a inflação. Em discordância do Presidente Sarney que manteve estendeu o congelamento de preços, saiu do Ministério em 1987. De 2001 a 2004, no Governo Marta, foi Secretário de Finanças de São Paulo e de 2007 a 2010, foi Secretário Estadual da Cultura na gestão Serra. Na iniciativa privada, em 1988 fundou o Banco SRL (Sayad Reichstul-Luna) com os amigos professores da FEA, Henri Philipe Reichstul e Francisco Luna, depois vendido ao American Express. Em 2004, foi Vice-Presidente de Finanças do BID-Banco Interamericano de Desenvolvimento. De 2010 a 2012, foi Presidente da TV Cultura, na gestão Geraldo Alckmin. Ao longo desses anos, quando pôde, lecionava na FEA, seja na graduação, quanto no Mestrado e no Doutorado da USP. Tive o imenso privilégio de ser seu aluno, em 1981 na disciplina de Economia Internacional. Privilégio é a palavra certa, pois também fui aluno de Denisard Alves, Zélia Cardoso de Melo, Marcos Gianeti, André Franco Montoro, Fernando Homem de Melo, tempos de redemocratização do país, quando esses economistas foram aos governos para assumir responsabilidades públicas. Sayad, era exigente, bem humorado, brilhante, fazia seus alunos pesquisarem muito, lerem economistas de todas as tendências, sempre que possível na edição inglesa. Debates sempre eram bem vindos. Sempre desafiador. Suas aulas eram disputadíssimas, tanto em Economia Internacional, Economia Monetária ou Macroeconomia. Assinou uma coluna Opinião Econômica na Folha de São Paulo, com artigos imperdíveis e artigos instigantes também publicados no jornal Estado de São Paulo. Economista de formação não ortodoxa, ligado às artes e cultura, era muito culto e erudito. Um ser humano exemplar, generoso e de princípios baseado na retidão do caráter, de espírito republicano e muito preocupado com questões que não fossem exclusivamente econômicas. Faz muita falta e fará muito mais nestes tempos conturbados. Muito obrigado, Professor Sayad.Colunista
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