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Em uma noite comum, no silêncio que envolve os lares adormecidos, a mente humana embarca em uma jornada fascinante e enigmática. É o momento em que os olhos se fecham para o mundo exterior, mas se abrem para o vasto universo do inconsciente. Essa é a hora do sono, a hora em que o descanso se torna não apenas uma pausa necessária, mas um momento de recarregamento das energias.

O sono não é apenas um período de inatividade física; é um momento de atividade mental intensa, onde o cérebro trabalha incansavelmente para processar as experiências do dia, os desejos reprimidos e os conflitos não resolvidos. Porém, deixaremos para falar especificamente sobre isso em outra hora.

Iniciei falando sobre o sono, pois sempre quando se fala sobre descanso, a primeira coisa que geralmente passa pela nossa mente, é o sono, o dormir. Porém, é necessário falar sobre o descanso em uma sociedade em que romantiza e super valoriza a hiperprodutividade e o constante fazer, onde o descanso muitas vezes é negligenciado ou até mesmo considerado um sinal de fraqueza. Visto como uma falha, um fracasso, por não ter conseguido produzir mais e mais. No entanto, o descanso desempenha um papel crucial no equilíbrio psicológico e emocional das pessoas.

O ritmo frenético da vida moderna pode levar a um estado de constante tensão e ansiedade. A pressão para realizar mais, alcançar mais e estar sempre disponível pode sobrecarregar o sujeito, deixando-o emocionalmente esgotado e desconectado de si mesmo. É aqui que o descanso se torna essencial.

Deste modo, ao se concentrar exclusivamente na busca por sucesso material e realização externa, corre-se o risco de negligenciar aspectos fundamentais da saúde mental e emocional. O excesso de produtividade pode levar à exaustão, ao estresse crônico e à desconexão de nossas próprias necessidades e desejos mais profundos.

Onde o resultado, é um aumento alarmante de distúrbios do sono, transtorno de ansiedade generalizada, etc. É como se estivesse tentando correr uma maratona sem nunca parar para tomar uma água e recuperar o fôlego.

Contudo, alguém neste momento talvez esteja se perguntando; “mas como simplesmente descansar com tantas coisas a fazer, coisas a conquistar e sem se sentir culpado?”

O primeiro ponto a deixar claro por aqui, é que o descanso, o sono, ele é elitizado. Não é e nunca será igual e/ou o mesmo para todos. Sem mais!

Dito isso e tendo consciência deste fato, é necessário compreender que ser “improdutivo” é ser produtivo também. Estará produzindo algo em si, para si; tempo de qualidade consigo mesmo, podendo ter um tempo para respirar, recuperar o folego e descansar. Aliás, quando se está cansado e você para, não é um fracasso, mas apenas um descanso. Ao estar cansado e parar por um momento, não é uma falha — pois, a história continua, os dias continuam, as semanas, os meses, os anos, etc. É necessário ter consciência de que é um momento para você, que faz parte do processo, para justamente poder continuar a jornada. Um tempo investido em si mesmo, jamais será um tempo perdido!

O descanso não é um luxo (ou pelo menos não deveria ser) mas sim, uma necessidade humana fundamental. É um lembrete gentil, de que somos mais do que nossas realizações externas, e que nossa verdadeira valia reside na nossa capacidade de cuidar de nós mesmos e dos outros.

Posto isso, devo lhe perguntar; em um mundo tão acelerado, inquieto, sem tempo para nada, já parou para pensar que você pode estar andando tão ocupado "fazendo", que está esquecendo de simplesmente "ser"? Se sim, e por escolha própria...

Há algo te roubando de si!

Ser “improdutivo” é se autoproduzir também.

Santa catarina

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Victor Breno Neves

Victor B. Neves - Psicólogo: CRP: 06/202727. Pós-graduando em Clínica Psicanalítica. Escritor, compositor e articulista do TupaCity.com

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