A PERDER DE VISTA
16/05/2024
Por Roberto Kawasaki
Com a tragédia que acomete o Rio Grande do Sul, mais uma vez, o Brasil adota um trabalho voluntário de socorro às vitimas admirável. Profissionais da Defesa Civil, autoridades e pessoas assumem posturas de compaixão, auxílio e abnegação. Obviamente que atitudes corretivas e salvar vidas é fundamental. Depois é auxiliar com bens materiais. Os poderes públicos federal, estaduais e municipais estão de parabéns. Da mesma forma, pessoas comuns também estão comprometidas com a causa humana de socorrer àqueles que mais precisam. Perfeito.
De outro lado, o planejamento estratégico de prevenir foi desastroso. Mais uma vez. Ficamos à mercê dos acontecimentos, alguns imprevisíveis, outros imponderáveis e inesperados. Afinal de contas, os fenômenos climáticos, ainda que parcialmente previsíveis pela Ciência Meteorológica, alguns são totalmente imprevisíveis. Claro que as mudanças climáticas são cada vez mais frequentes e danosos. Em todo o mundo. Chuvas, tempestades, furacões, terremotos, nevascas, inundações, etc. Contudo, continuamos a discutir sem quaisquer providências que possam evitar ou atenuar sofrimentos de todos os atingidos.
Ao longo da História da Humanidade, as civilizações sempre construíram suas habitações nas margens dos rios, lagos, nas praiais. Mas, as habitações aumentaram significativamente para acomodar bilhões de pessoas, que nasciam em patamares descontrolados. E o planeta Terra continua o mesmo... Habitações e construções foram feitas em locais que antes eram ocupadas pela natureza: encostas, vales, etc. Urbanistas sempre criticaram os níveis absurdos de desmatamento, de ocupações em locais inadequados, em várzeas, em mangues, localidades sujeitas e inundações.
Corroborado por decisões pouco inteligentes de impermeabilizar cada vez maissolos que antes absorviam a água. Mas que agora, com pisos frios, asfaltos, concretos e pedras que impedem a água de se infiltrar no solos, provocam inundações cada vez mais naturais e frequentes. No plano dos governos, não há, ao menos no Brasil, sequer órgãos públicos para trabalhar cotidianamente no Planejamento Estratégico de contenção de desastres. Temos apenas a Defesa Civil trabalhando no socorro.
Na verdade, há poucas autoridades verdadeiramente inteligentes trabalhando na prevenção. Politicamente é mais visível, principalmente nos meios de comunicação e redes sociais, prestar socorro às vítimas. Os impactos eleitorais são mais eloquentes do que planejar, programar e executar medidas preventivas. Não há mídia, tampouco há repercussão entre eleitores.
O trabalho educativo e esclarecedor para as populações desinformadas é longo e demorado. Infelizmente o caminho será doloroso, dramático e a perder de vista.
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