M.A.G.A e Interesses do Brasil

Não é de hoje que venho aqui me posicionar claramente contra a postura de Donald Trump. Desde quando foi condenado pela Justiça norte-americana, por diversos crimes cometidos contra pessoa, contra o erário público, e outros graves crimes, contudo, a Justiça permitiu que pudesse registrar a candidatura-o que é um absurdo-e mais do que isso, ganhar as eleições de forma incontestável: ganhou no Colégio Popular, no voto popular, ganhou no Senado e na Câmara Federal. Deve-se reconhecer que Trump fez a campanha eleitoral no MAGA-Make America Great Again, ideário que ele cumpre rigorosamente. Ou seja, ele não cometeu estelionato eleitoral. Os eleitores e eleitoras dos EUA não foram enganados. Trump ao menos é autêntico.

O que é incompreensível é assistir brasileiros em cargos públicos como o Governador Tarcísio e o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro ficarem aplaudindo Trump e o ideário MAGA. Ora, Trump defende, no que lhe cabe, os EUA. O que sem dúvida alguma, em inúmeras ocasiões irá contrariar interesses brasileiros. Brasileiros devem defender interesses brasileiros, tal qual norte-americanos defendem interesses dos EUA. Isto é natural.

Não demorou muito, em questão de dois meses, ocorreu o que se previa: Trump ao defender interesses dos EUA fosse contrariar interesses de outros países, dentre os quais o Brasil. Pois bem. Trump conseguiu o que poucos poderiam imaginar, unir bolsonaristas ( Bancada Rural no Congresso Nacional ) com a Gestão Lula, ao aprovar em tempo recorde, a reciprocidade legal concedida pelo Legislativo ao Executivo, para que o Brasil possa se defender legalmente do aumento do imposto de importação promovida por Trump, que ficou no patamar de 10% de acréscimo.

Outrossim, tenho aqui insistido que o fator preponderante na vida dos países e das pessoas, não é a ideologia, e sim a Economia e seus desdobramentos monetários e financeiros.

Ficar esperando que Trump vá defender determinados interesses do Brasil por razões exclusivamente ideológicas é muita ingenuidade política. Como tem ficado muito claro, Trump defende pura e simplesmente interesses pessoais, familiares e em última instância, os EUA. Basta verificar que na ótica de Trump, ele anexaria o Canadá, o México e Groenlândia, para expressar o que ele próprio já externou categoricamente. Há evidentemente, outros países que ele gostaria de anexar ao território dos EUA, para fazer frente á Rússia e a China em condições mais imperialistas e intimidatórias.

Obviamente que a Guerra Comercial contra o mundo, por ele promovida, é apenas uma face do seu ideário MAGA. Sendo assim, não é muito inteligente, brasileiros e brasileiras ficarem defendendo a proposta de Trump do seu MAGA. Fiquemos em nosso canto defendendo interesses do Brasil.

 

 

 

 

 

Roberto Kawasaki é economista pela FEA-USP, Professor da FACCAT, Delegado do Conselho Regional de Economia – SP e colunista da Rádio Cidade, Tupacity e Diário .