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* Roberto Kawasaki Com a tragédia ocorrida com o incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, de 24 pavimentos, na madrugada de 01 de Maio, construído no final dos anos 60, um marco da Arquitetura Paulistana, com fins comerciais, de Concreto, aço e vidro, expressa claramente, salvo melhor juízo, a gestão pública no Brasil. Senão vejamos. De um lado, revela a decadência sob todos os aspectos do centro velho de São Paulo, sem que medidas públicas e privadas fossem feitas para recuperar uma área histórica do Brasil. Como um prédio que, construído para abrigar atividades comerciais no coração de São Paulo e do Brasil, no ano de 1.968, com todo o glamour arquitetônico da época, pudesse apresentar tamanho definhamento e corrosão? Atolado em dívidas previdenciárias, o prédio foi repassado para a Previdência Social, que permitiu que se abrigasse durante muitos anos, a sede da Polícia Federal de São Paulo de 1.980 a 2.003. Depois desocupado, pois a Polícia Federal construiu sua sede própria na Lapa e saiu do prédio. Desde então, o prédio foi abandonado pelo Governo Federal, Estadual e Municipal. Simplesmente um prédio que representa um patrimônio público de milhões de reais, foi abandonado e exposto à ocupação ilegal. É impressionante como um bem público é jogado na lata do lixo. Quando de outro lado, milhões de paulistanos e brasileiros estão residindo em habitações precárias e ao alcance de marginais que cobram pelo uso de algo que não lhes pertencem. Aliás, quantos imóveis públicos federais, estaduais e municipais estão abandonados por este Brasil de tantas carências de habitações decentes? Quantos milhões de famílias estão expostas às indecências habitacionais, quando imóveis públicos e privados estão desocupados e entregues à depreciação? Estes absurdos de contrastes que evidenciam a precariedade da administração pública no Brasil. Vejam que a tragédia previamente anunciada, ocorreu em pleno século XXI, no coração de uma megalópole, centro nervoso, político, social, econômico e cultural do Brasil, da América Latina e uma das maiores cidades do mundo. Onde estavam os órgãos públicos de controle, de vigilância. Onde estavam nossas autoridades? Não cabem crimes de responsabilidades ? Por que não cumprem a legislação em vigor ? Não tomam medidas preventivas, sempre estão atrasados. Vivem a socorrer paliativamente e tentam desesperadamente corrigir erros e crimes que poderiam ser perfeitamente evitados. Mais uma vez, transparente como água, a gestão pública brasileira demonstra sua incompetência, sua filosofia de tramóias, de acordos partidários, de interesses pessoais, de corrupção, de desvios de dinheiro público, seu descaso, seu escárnio, seu desprezo pela vida humana e pelos brasileiros. Não há, absoluta e infelizmente, mínimas políticas públicas, que pudessem vislumbrar luz no fim do túnel, que tem se mostrado longo, escuro, sinuoso, sem sinalizações, fétido, úmido e desorientado. Para onde estamos indo? Se é que estamos.

HUM TUPÃ

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Roberto Kawasaki

Roberto Kawasaki é economista pela FEAUSP, Professor dos cursos de Administração, Sistemas de Informação, Arquitetura e Urbanismo, Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Engenharia de Produção da FACCAT, articulista do Jornal Diário e do TupaCity.com

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