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* Roberto Kawasaki O incêndio devastador que, simplesmente destruiu parcela significativa da cultura nacional, da História, das Ciências, nosso passado, queimou o Museu Nacional do Rio de Janeiro, o mais importante do Brasil, cujo prejuízo não é apenas nosso mas do mundo todo. Prejuízo irreparável, pois não se recuperará quase nada do acervo. Tivesse o Museu amparado com todas as medidas, como por exemplo, o AVCB do Corpo de Bombeiros, hidrantes que funcionassem, portas anti-chamas, e outros meios que pudessem atenuar os efeitos do fogo... No entanto, o prédio secular não estava devidamente preparado para acomodar o Museu e seu rico acervo. Ao longo de anos, verbas destinadas à Universidade do Rio de Janeiro, foram cortadas, e com isso, simples medidas de manutenção das instalações elétricas, hidráulicas, haja vista que o orçamento do Museu era repassado pela UFRJ, não foram feitas adequadamente e com isso, os riscos de sinistros eram significativos. Como foram. Impressiona como nossos governantes de toda natureza, desprezam a Cultura, as Ciências e a Educação. Pois dinheiro público para reformar mais de uma vez o Estádio do Maracanã, não faltou. Dinheiro público para realizar os Jogos Olímpicos, com obras caríssimas, que hoje deterioram a olhos vistos, não foram poupados. Aliás, onde está o legado esportivo? Autoridades federais, estaduais e municipais estão presas, condenadas, outras tanto sendo investigadas, juntamente com empresários, com funcionários de empresas estatais, por terem desviado dinheiro público, pois obras públicas foram superfaturadas. E agora Agora Inês é morta. Não adianta chorar. Um país que despreza sua Cultura, seu passado, sua História, não irá a lugar algum. Como projetar o futuro, sem ter base nas lições do passado e nas ações do presente? O doloroso é que todos nós ficamos à mercê da ganância de predadores do dinheiro público, alguns estão presos, outros ainda desejam se candidatar a cargos públicos. Ora vejam só. Ainda que a Justiça Eleitoral seja clara em condenar pretensões dessa natureza. Infelizmente, ainda que a situação das instalações do Museu Nacional fosse absurdamente precária, seus gestores, seus pesquisadores, seus funcionários, não denunciaram o estado calamitoso do mesmo. A bem da verdade, todos devem denunciar e exigir providências, pois os sinistros simplesmente podem ocorrer. Principalmente naqueles espaços públicos que têm elementos altamente inflamáveis. A rigor, é preciso que se registre, a ausência de Política de Estado para Bens Públicos no Brasil. Não temos projetos, programas e Cultura que possam proteger os Bens Públicos, que diga-se, trazem dinheiro público em relevância que foram investidos. Ah, Brasil. Até quando?

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Roberto Kawasaki

Roberto Kawasaki é economista pela FEAUSP, Professor dos cursos de Administração, Sistemas de Informação, Arquitetura e Urbanismo, Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Engenharia de Produção da FACCAT, articulista do Jornal Diário e do TupaCity.com

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