A Barragem da Vale do Rio Doce
04/02/2019
Roberto Kawasaki é economista pela FEA-USP, Professor da FACCAT e colunista do TupaCity.com.
*Roberto Kawasaki Infelizmente o título deste artigo não poderia ser pior, por razões lamentavelmente óbvias. O Brasil invariavelmente é assombrado por tragédias que comovem o país e conduzem a união elogiável. Contudo, essas tragédias poderiam ser evitadas, salvo aquelas que têm origem nas manifestações da natureza, que são imprevisíveis e incontornáveis. Sem dúvida alguma que o Brasil necessita mudar a cultura pública e profissional, haja vista que as vidas humanas estão expostas banalmente à morte. Os profissionais que são os responsáveis pelas vistorias e laudos emitidos, necessitam ser mais firmes quanto às exigências técnicas e éticas. Caso contrário, mais mortes que poderiam ser evitadas, não serão. Aliás, os órgãos de classe do CONFEA e CREAs, que regulamentam as ações da Engenharia, urgem cobrar que as ARTs, Anotações de Responsabilidade Técnica e Laudos sejam emitidos com a consciência que se exige de profissionais devidamente qualificados. Senão as cobranças legais, sociais, profissionais e humanas serão indubitavelmente executadas. Impressiona como as tragédias se sucedem no Brasil, cujas ocorrências poderiam ser perfeitamente evitadas, haja vista que as tragédias da Boate Kiss, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, do rompimento da barragem de Mariana (Vale do Rio Doce) e agora, da barragem de Brumadinho (também da Vale do Rio Doce) não deveriam ter ocorrido, porque são falhas humanas inadmissíveis. Com exceção do incêndio da Boate Kiss, que ao menos disseminou a exigência das benditas AVCBs (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) pelo Brasil afora, as demais tragédias, e tantas outras que não enumeramos, mas que são incontáveis, não foram devidamente dimensionadas e os responsáveis severamente punidos. Sem dúvida alguma, nada se aprendeu com a tragédia de Mariana de alguns anos atrás. O amadorismo, a irresponsabilidade, o despreparo e o escárnio, chamam a atenção de todos. E como ficaremos? De outro lado, não esqueçamos que mais de 50 viadutos do município de São Paulo, estão com problemas estruturais, que rodovias muitas estão intransitáveis, esburacadas e abandonadas, aliás, que ruas e avenidas das municipalidades do Brasil estão também esburacadas. Sem perspectivas de serem devidamente tapadas. E por quê? Porque a administração pública brasileira, seja federal, estaduais e municipais, estão financeiramente quebradas. A gestão pública não se conscientizou dos monstruosos déficits públicos-boa parte deles resultantes de desvios e corrupções- que impedem atender as emergências, quanto mais as obras que poderiam sanar as deficiências gritantes que cotidianamente colocam em risco as vidas de milhões de brasileiros.
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