Sem dinheiro, sem nada
10/06/2019
Roberto Kawasaki é economista pela FEA-USP, Professor da FACCAT e colunista do TupaCity.com.
* Roberto Kawasaki O clima político conturbado que o Brasil vive, desde há algum tempo, fruto que é, no meu ponto de vista, do choque do regime presidencialista com o contexto parlamentarista, em decorrência da dicotomia criada pela Constituição de 1.988, sejam nos ambientes federal, estaduais e municipais, se torna exacerbado com a terrível crise econômica e os déficits orçamentários públicos. Isto é, as crises financeiras do setor público impedem que os serviços públicos básicos ofertados sejam lastimáveis, pressionando os governantes em todas as órbitas. Tenho insistido que é preciso resolver de forma definitiva, a crise fiscal. Para isso, as reformas previdenciária, tributária, administrativa, financeira, são absolutamente fundamentais. É evidente que as aprovações das reformas necessitam de excelente relacionamento entre os poderes executivo e legislativo, sem que seja necessário uma das partes recorrer ao poder judiciário, a fim de resolver os impasses. Há sem dúvida alguma, um ambiente hostil entre os poderes legislativo e executivo federais. De um lado, práticas da velha e tradicional política e de outro lado, a prática da nova política, alçada ao cenário político com as eleições de Outubro passado. De outro modo, há que se estabelecer pontes de relacionamento, que incluam pautas e projetos mínimos para o Brasil voltar a respirar. Nesse sentido, o diálogo é componente crucial a fim de que esse ambiente hostil seja arrefecido. É fundamental reduzir as tensões e voltar os olhos às reformas que são indiscutivelmente prioritárias. As dificuldades políticas no Brasil são intermitentes, vejam que nos últimos 30 anos, coincidentes com a redemocratização, tivemos dois presidentes que sofreram o impeachment, um presidente condenado e preso e outro que será condenado e preso. São situações políticas inconcebíveis no curto espaço de tempo para uma Democracia tão jovem. Embora não seja minha especialidade, vejo que a Constituição de 1988 criou exageradamente direitos e menosprezou os deveres. Nesse conflito reside grande parte dos nossos problemas atuais, que se mostram fortalecidos. É muito claro que a sociedade brasileira quer mudanças e exige que os erros e crimes cometidos na órbita da administração pública, sejam severamente punidos a fim de que, inclusive e principalmente, recursos financeiros públicos sejam corretamente destinados a obras e serviços públicos. Enganam-se aqueles que imaginam que podemos sair da crise sem reformas. Sem reformas não haverá dinheiro e sem dinheiro, não teremos nada. Aliás, teremos o aprofundamento da crise.
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