39 quilos de cocaína
07/07/2019
Roberto Kawasaki é economista pela FEA-USP, Professor da FACCAT e colunista do Tupacity.
* Roberto Kawasaki Depois de ter lido e ouvido, a respeito do fragrante de 39 quilos de cocaína transportados pelo Sargento da Aeronáutica no avião da comitiva de apoio presidencial, que estava a caminho do Japão, para participar da reunião do G20, envolvendo as 20 principais economias do mundo, tenho que manifestar minhas considerações sobre o tema que envergonhou o Brasil no cenário mundial. Como se tornou comum no Brasil maniqueísta, pró e contra o Governo Bolsonaro, mais uma vez a discussão tomou as redes sociais. Os contrários a Bolsonaro criticaram os militares e esculhambaram duramente o governo federal. De outro lado, os bolsonaristas expressaram que foram 29 viagens feitas pelo sargento, que tudo começou no Governo Dilma... Outra vez a Dilma. Enfim, todos apresentaram suas razões, que não são e não devem ser desprezadas. Há uma tendência, atual e perigosa, a personalizar as análises, contra e a favor ao PT e contra e a favor a Bolsonaro. Vejo que o seríssimo problema deve ser despersonalizado. Primeiro porque é estarrecedor que profissionais que acompanham as comitivas da Presidência da República, tenham a prerrogativa de não terem suas bagagens checadas pela Aeronáutica, Polícia Federal e Receita Federal. Segundo, o que é decorrente da análise anterior, tudo pode e é transportado por profissionais que aproveitam dessa prerrogativa inconcebível, praticando crimes e comprometendo o Brasil interna e externamente. Terceiro, se as bagagens da comitiva presidencial não são devidamente fiscalizadas, o que por si só são inaceitáveis, evidencia que a Lei não vale para todos, somente para os desprivilegiados, a imensa maioria da população brasileira. E isso foi escancarado no cenário político nacional e internacional. Quarto, que não há uma cultura de fiscalização que seja uma prática corrente. Não há procedimentos que compõem um manual, que devem ser implacavelmente obedecidos por todos e para todos. Quinto, como é comum no Brasil, os fatos graves são analisados dentro de uma perspectiva ideológica e política, e não educacional, cultural, profissional, filosófica, ética e moral. Nossos problemas são mais graves do que 39 quilos de cocaína. Lamentavelmente.
Fique informado em tempo real sobre as principais notícias de Tupã e região.