Brasil, EUA e China
10/04/2025 - Atualizada em 10/04/2025 às 16:42
Fonte: Roberto Kawasaki
Artigo de Roberto Kawasaki
“ A incerteza, em termos empresariais, de decisões econômicas, é o pior inimigo que existe.” Jorge Gerdau Johannpeter
O grande problema da Guerra Comercial iniciada por Donald Trump, aconselhado por Peter Navarro, economista por Harvard, que publicou o livro “Death by China”, seu Estrategista-Chefe da Casa Branca e Conselheiro Sênior da Presidência, é que Navarro tem verdadeira obsessão contra a China e implanta tarifaço contra o mundo, sejam parceiros,
próximos ou não.
A bem da verdade, Trump explode todas as ações de liderança e amizade que os EUA construíram com o mundo ocidental e capitalista, com papel claro de ponta na ONU, OCDE, OMC, FMI, BIRD, BID, OTAN, OIT, OMS, etc. Abre um vácuo de poder para que a China, que vem construindo em décadas, em processo silencioso e ambicioso de liderar o mundo em contraposição aos EUA, de apossar de espaço cedido pela guerra comercial iniciada por Trump.
É uma loucura demolir estruturas que vigoram desde 1945, com incontestável liderança americana. Pelas dimensões continentais, culturais e populacionais, era questão de tempo a China emergir como liderança no cenário mundial, pois decidiu investir maciçamente em Educação, Saúde, Ciências e Tecnologias. Para corroborar, tem no comando da China um homem que tem o poder supremo, poder que sequer Mao Tsé Tung imaginava um dia ter. Xi Jinping não entra em guerra militar com nenhum país, prefere gastar recursos financeiros para liderar em Tecnologia e Ciências. É um dos líderes atuais mais preparados, que jamais toma decisões sem previsibilidade, sem planejamento e sem perspectivas e análises.
Se Trump imaginava que Xi Jinping vai ceder, é um engano que custa muito caro ao mundo. Xi Jinping não tem oposição interna que Trump tem, pois o princípio de pesos e contrapesos não está totalmente desarmada. Já começa com oposição clara de parcelas da população, Poder Judiciário, agora até Elon Musk se opõe às estratégias tarifárias de Navarro, com empresários que estão se mobilizando contra a Guerra Comercial.
Guerra Comercial que até se justificaria contra a China, haja vista que o déficit comercial dos EUA é com os chineses: US$ 295 bilhões em 2024. Fazer guerra, por exemplo contra o Brasil, é injustificável, tendo em vista que com o Brasil, os EUA teve superávit na Balança Comercial de US$ 7 bilhões. Portanto, impor tarifa de 10% contra o Brasil ? Trump empurra o Brasil a elevar o comércio exterior com a China. Aliás, o Brasil e o resto do mundo.
O pior é que a guerra tarifária aumenta os preços dos produtos comercializados em todo o mundo. Obviamente que a inflação subirá em todos os países, bem como com isso, o consumo geral diminuirá, em outro momento, reduzirá o processo produtivo e aumentará o desemprego. Claro que o quadro será de recessão. Recessão que poderia ser evitada.
Os EUA terão problemas maiores no futuro: com as perseguições e demissões de funcionários públicos federais, desmantelando o aparelho público competente, cortando apoio financeiro às Universidades, pilar da liderança mundial em Educação, Ciências e Tecnologias, o traçado é trágico. Como disse Gerdau, trazer insegurança econômica é o pior cenário para empresários investirem. Nesse aspecto, Musk tem total razão. Quem diria?
Roberto Kawasaki é economista pela FEA-USP, Professor da FACCAT, Delegado do Conselho
Regional de Economia – SP e colunista da Rádio Cidade, Tupacity e Diário.
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