SELIC: TEMPOS DIFÍCEIS
12/05/2025
Fonte: Roberto Kawasaki
Artigo de Roberto Kawasaki
SELIC a 14,75% ao ano. Depois de 2006, é a maior taxa Selic, passando pelos governos de Lula 1, Lula 2, Dilma 1, Dilma 2, Temer, Bolsonaro e Lula 3. Quase 20 anos. Tudo porque a inflação medida pelo IPCA está acima da meta que é de 3% ao ano, superior ainda ao limite superior da meta que é de 4,5% ao ano. E por quê ?
Porque há algumas razões muito preocupantes. A primeira razão é pelo fato de que a inflação precisa ser contida , para trazer segurança monetária aos consumidores, aos investidores, aos agentes, à sociedade como um todo. Quaisquer análises econômicas, monetárias e financeiras que se façam, nas universidades, na indústria, no comércio, nos serviços, no mercado financeiro, a estabilidade inflacionária é fundamental e prioritária para trazer serenidade ao desenvolvimento econômico. Portanto, o controle da inflação é feita pelo agente monetário federal, ou seja, o Banco Central. A segunda razão é porque o cenário macroeconômico nacional e internacional é muito preocupante, seja pelas ações desestabilizadoras do Presidente Trump, com mudanças das taxas de importação promovidas por Trump e com reações contrárias dos países de todo mundo. O cenário internacional, de subidas das taxas de inflação pelo mundo e quedas no PIB mundial, promovem a ação
conservadora do Banco Central, elevando a taxa SELIC num patamar absurdamente alto e necessário. A terceira razão e não menos importante, é para conter a demanda de mercadorias e serviços, com custo financeiro maior para diminuir as vendas a prazo.Com isso, haverá menor pressão sobre os preços. a prazo e assim, há tendências de que a oferta ( produção ) e demanda ( consumo ), caminhe para o equilíbrio de mercado. A quarta razão é as pressões trazidas pelo desequilíbrio ambiental que causou secas, inundações, que por suas consequências diretas e incontroláveis, impactou a inflação de alimentos.
Infelizmente, o aumento da SELIC é devastadora a curto prazo para consumidores e produtores. Contudo, a médio e longo prazos, o controle da inflação traz benefícios a todos. De nada adianta promover medidas populistas e demagógicas de taxa SELIC menores, pois essa conduta, a bem da verdade, estimula o que chamamos de inflação de demanda. A inflação de demanda ocorre quando a oferta/produção é incapaz de atender o crescimento da demanda/consumo e assim sendo, consumo maior que a oferta gera
inexoravelmente inflação.
Há, obviamente, que se parabenizar a diretoria do Bacen, que atua com responsabilidade ao agir com cautela e moderação, ao considerar o quadro nacional e internacional muito instáveis e imprevisíveis à economia brasileira. Instabilidades e imprevisibilidades exigem posturas governamentais (Banco Central) técnicas, racionais, responsáveis e ponderadas.
Outrossim , equivocadamente, há aqueles que imaginam que o mercado financeiro tem sido dominante nas ações emanadas pelo Copom do Bacen. Ledo engano. A questão dominante são as perspectivas do comportamento da inflação medida pelo IPCA. O Copom trabalha com variáveis para conter o crescimento inflacionário, depois estabilizar a inflação e finalmente, estimular a queda inflacionária. Tempos difíceis, porém necessários.
Roberto Kawasaki é economista pela FEA-USP, Professor da FACCAT, Delegado do Conselho Regional de Economia – SP e colunista da Rádio Cidade, Tupacity e Diário.
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