16/11/2021 Camila Lima é Psicóloga Organizacional, possui MBA em Gestão de Pessoa, é Coach e Grafóloga
Marcos era um funcionário exemplar, produtivo e comprometido com a organização que trabalhava. A pouco mais de dois meses seu desempenho caiu, as falhas começaram a ser recorrentes, bem como seus atrasos. Os colegas de trabalho poderiam estar abismados com tal mudança, se não fosse pelo simples fato da mudança de gestão recente. O gestor que ninguém mais estava aguentando e que estava adoecendo a todos. As demissões começaram a acontecer como um efeito "contágio", a saúde mental de todos estava comprometida e a empresa não percebia a toxidade do novo líder contratado.
Será mesmo que está história está tão longe da nossa realidade? Infelizmente não, cada vez mais percebemos empresas que mantém gestores falidos em cargos de liderança, sem ao menos medir o impacto e prejuízo que causam a equipe e consequentemente aos resultados da organização.
É importante diferenciar líderes tóxicos de líderes com perfis voltados a busca por resultados e alta performance. Atuar com alta performance, esperando que a equipe se supere a cada dia, com incentivo e apoio é bem diferente de líderes tóxicos que muitas vezes não possuem competência para o cargo, mas agem como se a tivessem, e o pior, muitas vezes conseguem se vender de maneira distorcida a diretores pouco presentes.
Líderes tóxicos enxergam apenas erros, não contribuem com a busca por melhoria ou solução, criticam, diminuem, amedrontam e pressionam sem limites. Líderes tóxicos assediam e não se preocupam com a saúde mental da equipe.
Tais lideranças podem apresentar traços narcisistas, não admitem as próprias falhas e dificilmente enxergam profissionais que se destacam mais do que eles. Podem ser profissionais não éticos e injustos, gerando conflitos e panelinhas na equipe. Podem agir com extrema exigência, sendo agressivos e autoritários, podem incentivar competições não saudáveis entre a equipe e gerar um verdadeiro circo de horrores dentro da organização.
Lideranças tóxicas podem demonstrar comportamento impulsivo e geralmente não possuem controle de suas emoções, falam o que vem a mente e não se preocupam em oferecer comunicação assertiva.
O clima da empresa não é considerado por eles, o que acaba por fazer com que a equipe adoeça.
Mesmo que tais líderes atuem de maneira sútil e silenciosa frente aos maus hábitos de gestão, ainda assim, causam os mesmos estragos a saúde mental das pessoas, como: baixa autoestima, sentimento de insuficiência, síndrome de burnout, ansiedades e outros tantos problemas.
O que fazer nessa situação? O primeiro passo é esclarecer ao líder que sua postura tem sido inadequada e apontar os prejuízos que traz, isso pode ser feito a partir de feedbacks dados pelos superiores ou ainda apoiados pelo RH.
Nem sempre o líder tóxico tem ciência de sua postura e pode estar nem mesmo percebendo que sua atuação tem sido destrutiva. A postura desse líder pode ter relação com suas experiências passadas e referencias que obteve em outros empregos ou ainda ser resquício de sua personalidade e valores internos. É importante que haja um profissional capaz de auxiliar a organização na identificação destas demandas, pois o quanto antes houver a intervenção mais rápido o problema será corrigido.
Você já deve ter ouvido falar: "O processo de recrutamento mais caro, é aquele feito para substituir alguém que poderia ter ficado." Essa frase confirma a perda de tantos Marcos por ai, que executavam bons trabalhos e se desligaram da organização quando se sentiram acuados ou não reconhecidos.